Após divulgação pelo governo de mudanças no modelo de distanciamento controlado, que colocarão todo o Estado sob bandeira vermelha, o presidente do Sindicato dos Hospitais e Clínicas de Porto Alegre (Sindihospa), Henri Chazan, afirmou, em entrevista à Rádio Gaúcha nesta terça-feira (27), que o retorno às aulas deve ocorrer "imediatamente".
— Países que mantiveram escolas abertas não têm índices piores ou melhores do que outros que mantiveram fechadas, talvez tenham índices melhores, mas nada disso tem estudo científico — disse. — Acho que é a hora de voltar às escolas imediatamente.
Ele sugeriu um modelo para classificar o risco de contaminação por covid-19 no Estado. Chazan indicou o uso da capacidade máxima dos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) como alternativa para o cálculo, e não os leitos operacionais.
Ele destacou alguns números relativos às UTIs de Porto Alegre: o município entregou 1,2 mil leitos desse setor para a população, número que posteriormente baixou para 994 com a diminuição de pacientes. Atualmente, com 893 internados, a taxa de ocupação está em cerca de 90%, enquadrando-se como bandeira preta.
— Hoje temos equipes e equipamentos para chegar a 1,2 mil, então, em vez de 90%, que é o atual, versus o número de pacientes, esse número baixa para 74% — explicou. — A gente precisa pensar nesse número que a gente pode atingir, não é uma ficção, nós já atingimos. Diminuiu porque não tem serviço, mas os equipamentos e respiradores estão lá.
Utilizando esse critério para o cálculo da ocupação de leitos, o valor estaria dentro da regra de três vagas ocupadas para um vago. Além disso, dos 893 leitos ocupados, 572 são de covid-19, um total de 60%.
— O número de leitos não mudou de segunda (26) para terça, então, essa alteração derruba um pouco a tese da ciência e da matemática, ainda que eu prefira a bandeira vermelha. Eu, pessoalmente, acho que é mais adequada do que a preta, porque nós temos condições de ir a 1,2 mil leitos de UTI, então, podemos abrandar um pouco a bandeira — afirmou.
Chazan argumentou ainda que "temos que pensar nas crianças em idade pré-escolar, que vão perder a janela da motricidade", ressaltando as dificuldades para aprendizado que podem vir a enfrentar, bem como o prejuízo de interação social para os alunos mais velhos.