O primeiro dia do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2020 está chegando: no domingo (17), os participantes farão a Redação e responderão a questões de Linguagens, Códigos, Ciências Humanas e suas Tecnologias. Durante a semana anterior à prova, é importante revisar os assuntos de determinada área do conhecimento que mais são abordados no exame.
De acordo com um levantamento realizado anualmente desde 2014 pelo pré-vestibular Fleming Medicina, com base no mapeamento das edições dos últimos seis anos de Enem, a avaliação de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias tem nove conteúdos que aparecem com frequência e devem ser estudados:
- Literatura – 16%
- Argumentação – 15%
- Gêneros textuais – 12%
- Língua Estrangeira Moderna – 11%
- Funções da linguagem, organização textual e patrimônio linguístico – 11%
- Artes plásticas – 11%
- Variedades linguísticas – 8%
- Tecnologias de informação e de comunicação – 8%
- Educação física e saúde comportamental – 8%
A prova de linguagens tem caráter fortemente interpretativo, o que faz dela uma avaliação muito cansativa por conta da leitura. Além disso, no mesmo dia, tem Redação e questões de ciências humanas, ressalta Ávila Oliveira, professor coordenador de linguagens e redação do Colégio Unificado:
— A maioria dos alunos não está acostumada a ler por tanto tempo assim mantendo a concentração, é uma geração que está afastada da leitura pelos meios tradicionais. Então a prova se torna cansativa porque são muitas questões que o estudante realmente tem que ler.
Por outro lado, estatisticamente, o primeiro dia é o que menos causa tensão nos alunos, em geral. Segundo Francis Madeira, professor da disciplina de estratégia, mapeamento e análise de provas para o Enem do Fleming, o ideal é que o aluno leia a proposta de redação, reflita sobre ela e, em seguida, comece pela prova que lhe dá mais segurança — ou seja, a que aborda conteúdos que mais domina.
— O que a gente recomenda é fazer um pouco de cada área do conhecimento até metade da prova: uma hora de linguagens, uma hora de redação e uma hora de ciências humanas. Assim, nas três primeiras horas, o estudante fez pelo menos um pouco das três provas — orienta.
Madeira salienta que as provas do exame não pedem conhecimento enciclopédico, mas exigem aquisição de habilidades e competências ao longo da vida estudantil. Sendo assim, recomenda que o participante foque naquilo que domina mais: se já estudou determinado conteúdo, mas esqueceu uma coisa ou outra, vale a pena retomar, reavivar na memória aquilo que já está lá, mas, se não aprendeu um assunto no decorrer de uma vida de estudos, não será na semana da prova que irá desenvolver essa habilidade.
Ele conta que costuma fazer uma analogia com jogadores de futebol:
— Um jogador de futebol não vai, as vésperas de um jogo, aprender a fazer uma coisa nova. Ele se torna hábil, se torna um bom jogador, se torna competente com anos de estudo, com anos de prática e de treino. A mesma coisa acontece na prova do Enem.
Preste atenção
Segundo o professor Ávila Oliveira, é importante revisar os conteúdos mais incidentes e, no momento da prova, prestar muita atenção aos enunciados. Ele enfatiza que a avaliação de linguagens segue o modelo de contextualização, comando no enunciado e alternativas que respondem ao comando.
— Antigamente, as pessoas falavam que dava para resolver as questões do Enem ser ler os textos. Isso não existe, está errado. O ideal é fazer a leitura do enunciado, porque no enunciado tem o comando, e, a partir desse comando, ler o texto — indica.
Também não se deve deixar para passar as respostas para o cartão no final, de uma vez só, porque o processo de preenchimento na grade é demorado e, se o participante estiver com pressa, pode errar a marcação.
O que não deve cair
A prova de linguagens pode até apresentar uma ou outra questão de gramática, mas os conteúdos tradicionais estudados e cobrados nas escolas acabam ficando de fora. Não é necessário que o participante saiba reconhecer e classificar orações subordinadas substantivas completivas nominais, por exemplo.
Outras dicas
- Fuja daquilo que você não sabe: observar conteúdos de que não se tem domínio só vai gerar ansiedade, insegurança e incerteza, o que pode atrapalhar até aquilo que você já domina;
- Entenda que você tem conhecimento: é improvável que você seja uma pessoa que negligenciou todos esses assuntos ao longo da vida, por mais que não seja um aluno muito estudioso;
- Conhecimento é mais do que acumular informação enciclopédica: conhecer as coisas não significa memorizá-las, mas sim internalizar e saber como elas são aplicadas na realidade;
- Esteja antenado: não é necessário ir à escola para aprender que as tecnologias impactaram a vida social e o mundo do trabalho, por exemplo, use sua compreensão do mundo na prova;
- Se dedique a atividades que gerem menos gatilho: você pode optar por relaxar com filmes, séries e livros, mas pense que esse lazer pode se refletir em conhecimento, pois eles fazem parte do seu repertório sociocultural.
Durante a prova
- Não tente identificar o nível de dificuldade das questões: o nível das perguntas de linguagens não é reconhecido facilmente, e você pode perder muito tempo nessa tentativa;
- Questões com imagens não são as mais fáceis: elas podem ser de qualquer um dos níveis e, na maioria das vezes, são as mais difíceis;
- Responda às questões na ordem em que elas aparecem: se tiver dificuldade em alguma, sinalize e vá para a próxima. Você pode retornar posteriormente para tentar respondê-la, caso ainda haja tempo;
- Não volte atrás: é difícil revisar a prova devido ao tempo, então prefira responder às questões com atenção e foco, e não com rapidez.
Produção: Jhully Costa