Às 11h30min deste domingo (31), foram abertos os portões para a entrada de estudantes que fazem a primeira edição do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) digital. O exame está sendo aplicado em formato piloto para um número reduzido de participantes, mas poderá ser usado para concorrer a vagas no Ensino Superior. Assim como na versão tradicional, o exame digital também ocorre em dois dias, sendo o segundo no próximo domingo, dia 7 de fevereiro.
Os portões foram fechados às 13h, no horário de Brasília, quando as provas foram iniciadas.
GZH acompanhou a movimentação de candidatos na Uniritter, na zona sul de Porto Alegre, durante o começo da tarde. No local, poucos estudantes se dividiam entre os prédios para realizar a prova. Na universidade, não foi registrado tumulto nem aglomeração já que o número de participantes para esse modelo foi bastante reduzido.
O tempo de prova e os horários de aplicação é o mesmo da versão do Enem impresso - cinco horas e meia no primeiro dia e cinco horas no segundo. Assim como no formato tradicional, neste primeiro dia, os participantes farão provas de linguagens, ciências humanas e redação. No segundo dia, matemática e ciências da natureza.
Na versão digital, apesar de as provas serem feitas pelo computador, os participantes precisaram se deslocar até os locais estabelecidos para a aplicação do exame. Os aparelhos só dão acesso às provas, sem possibilidade de acesso à internet ou à calculadora, por exemplo.
As questões são todas marcadas na tela, e os participantes não precisarão preencher o cartão-resposta à mão. O tema e os textos motivadores estarão no monitor do computador. A redação, no entanto, é escrita à mão, e por isso os estudantes precisaram levar caneta esferográfica de cor preta.
Laura Strack Laini, 18 anos, irá prestar o exame na tentativa de uma vaga para o concorrido curso de Medicina. Essa é a segunda vez que a jovem faz o Enem, e optou pelo modelo digital por uma combinação de fatores:
— Fiquei bem dividida. Optei pelo digital porque parece que pode ser mais simples na hora de marcar as questões. Às vezes, marcando no papel, me confundia e depois não podia arrumar. E também tem a questão ambiental, da redução de papel. A prova tem muitas páginas, e é uma forma de reduzir.
Além disso, ele afirma que a possibilidade de conversar com amigos que já fizeram o exame, na edição impressa, e pegar um parecer sobre os assuntos também foi um ponto positivo.
Aos 46 anos, a ex-bancária Cristiane Oliveira da Silva tenta realizar um sonho antigo: forma-se em Psicologia. Demitida em março após 20 anos trabalhando na área bancária, ela se matriculou em uma faculdade privada. Mas os custos do estudo, junto do período de desemprego, são uma barreira.
Neste domingo, ela realiza as provas na tentativa de uma vaga em universidade pública:
— Sempre foi meu sonho, é meu plano B de vida. Há alguns anos, era impossível cursar. Mas sempre mantive a ideia de que um dia eu ia realizar meu sonho. Pensava: "Um dia não vou estar aqui batendo meta e vou estar ajudando as pessoas a se encontrarem". Acho que essa é minha missão — conta.
Nesse domingo, Cristiane disse estar tranquila antes do exame:
— Estou mais preocupada com a questão de ser digital do que com a prova em si, porque tenho receio de algum pane. Apesar de tudo já ter sido bem testado pelas equipes, sempre há o risco. Optei pela versão digital por causa da minha cervical. Fico com muitas dores se permaneço curvada sobre a prova por muito tempo, então acho que vai ser melhor — avalia.
Os participantes da edição digital irão concorrer por vagas junto dos cerca de 2,5 milhões de candidatos que fizeram a versão impressa do Enem nos dois últimos domingos, dias 17 e 24, e com aqueles que farão o exame na data da reaplicação, em fevereiro.
Na tentativa de evitar o contágio por coronavírus entre os estudantes, as medidas de segurança aplicadas a edição digital são as mesma do formato tradicional.
Assim, é obrigatório o uso de máscara cobrindo nariz e boca durante a prova e será disponibilizado álcool em gel nos locais. Estudantes com sintomas de covid-19 ou outra doença infectocontagiosa foram orientados a não comparecer aos locais de prova. Eles terão direito a fazer o exame na reaplicação, em fevereiro.
No total, 96.086 candidatos se inscreveram para o exame, mas com o cancelamento das provas no Amazonas, causado pelo agravamento da pandemia, o número reduziu para 93.217 inscritos em 104 cidades brasileiras. Os inscritos no Amazonas farão o exame impresso na data da reaplicação, dias 23 e 24 de fevereiro.