A maior parcela dos estudantes do 2º ano do Ensino Fundamental brasileiro (21,55%) está no Nível 5, em uma escala que vai até 8 para medir os conhecimentos em língua portuguesa. Quanto à proficiência em matemática, a maioria dos alunos (19,83%) encontra-se no Nível 4. Os resultados dos testes amostrais do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) de 2019, divulgados nesta quarta-feira (4) pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), também apontam desigualdades no ensino no país.
Nesta edição, o Saeb mediu também os conhecimentos de estudantes do 9º ano na área de ciências humanas - nesse caso, a escala vai de "abaixo do Nível 1" até o 9 - e ciências da natureza. Em ambas, a maior parcela dos estudantes está no Nível 2 (18,6%, no caso de ciências humanas; e 17,98%, no caso de ciências da natureza).
De acordo com o levantamento, 4,62% dos alunos do 2º ano do Ensino Fundamental estão abaixo do Nível 1 em língua portuguesa, o que indica a "provável falta de domínio no conjunto das habilidades que compuseram o teste por parte desses participantes".
Segundo Waleska Karinne, especialista escalada para apresentar os resultados do Saeb 2019, na outra ponta, estão 5,04% dos estudantes que se encontram no Nível 8, o que indica "domínio da maioria das habilidades testadas".
Já em matemática, 2,82% dos participantes estão abaixo do Nível 1, enquanto 6,99% encontram-se no Nível 8.
Ciências humanas e da natureza
No outro grupo que teve os resultados apresentados nesta quarta-feira (estudantes do 9º ano, em ciências humanas e da natureza), apenas 0,14% dos alunos está no Nível 9 em ciências humanas, patamar que indica domínio da maioria das habilidades testadas.
Conforme o Saeb, 16,97% desses estudantes encontram-se abaixo do Nível 1 em ciências humanas; e 18,6% (a maior parcela), no Nível 2.
Na avaliação específica sobre os conhecimentos em ciências da natureza, 17,73% ficaram abaixo do Nível 1; e 0,5% dos participantes estão no nível 8. Segundo Waleska Karinne, os quatro primeiros níveis apresentam, aproximadamente, o mesmo percentual, a exemplo do que ocorreu notado em ciências humanas.
Zonas rural e urbana
O Saeb 2019 identificou desigualdades entre os grupos de analisados que vivem nas zonas rural e urbana, bem como entre capitais e cidades do Interior.
— Existe desigualdade. Vimos que os estudantes que vivem na zona urbana ou em capitais apresentaram distribuição similar ao quadro geral nacional. Já na zona rural e no interior, a maior parte dos estudantes não apresentou a mesma concentração — disse a especialista do Inep, referindo-se ao nível de escala de proficiência dos estudantes na etapa de alfabetização.
De acordo com o Inep, nas áreas rurais observou-se maior concentração (19,45% dos alunos) no Nível 4 em língua portuguesa. O percentual de estudantes cuja proficiência ficou abaixo do Nível 1 ficou em 8,33%; 6% apresentaram conhecimentos equivalentes ao Nível 1; e 8,53% ao Nível 2. Já o percentual de alunos cujos exames resultaram em proficiência de níveis 3, 4 e 5 ficaram em 15,4%; 19,45% e 18,86%, respectivamente.
Nas escolas localizadas em ambientes urbanos, os percentuais de alunos abaixo do Nível 1 ficaram em 4,27%. Já o percentual de alunos que ficaram no Nível 1 é de 4%, enquanto 6,55% atingiram o Nível 2; e 11,57%, 17,64% e 21,8% tiveram os conhecimentos classificados como níveis 3, 4 e 5, respectivamente.
Em matemática, 6% dos alunos cujas escolas estão localizadas em zonas rurais tiveram resultado abaixo do Nível 1; 6,94% foram classificados no Nível 1; 11,35% no Nível 2. Os níveis 3 e 4 apresentaram percentuais de 17,62% e 17,88%, respectivamente
Já os estudantes que vivem em zonas urbanas apresentaram os seguintes resultados em matemática: 2,52% estão abaixo do Nível 1; 4,25% estão no Nível 1 e 8,36% no Nível 2. Os percentuais de estudantes classificados nos níveis 3 e 4 ficaram em 14,12% e 20%, respectivamente.
Em ciências humanas, 25% dos estudantes que vivem em áreas rurais obtiveram resultados abaixo do Nível 1; enquanto 19,7% ficaram no Nível 1; 21,38%, no Nível 2; e 15%, no Nível 3. Os que tiveram proficiência classificada como de níveis 7, 8 e 9 ficaram em 0,81%; 0,08%; e 0,2%, respectivamente.
No caso de estudantes que vivem em áreas urbanas, 16,14% foram avaliados como abaixo do Nível 1 na área de ciências humanas; 16,26% obtiveram pontuação que os coloca no Nível 1;e 18,32%, no Nível 2. O percentual de estudantes cujos exames registraram níveis 7, 8 e 9 ficaram em 2,31%; 0,65%; e 0,15%, respectivamente.
Saeb
Realizados desde 1990, os testes do Saeb oferecem subsídios para a elaboração, o monitoramento e o aprimoramento de políticas com base em evidências, permitindo que os diversos níveis governamentais avaliem a qualidade da educação oferecida no país. Seus resultados, associados às taxas de aprovação, reprovação e abandono, apuradas no Censo Escolar, compõem o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb).
Na edição do ano passado, o Saeb contou com a participação de 5.660.208 (80,99%) dos 6.989.131 estudantes previstos para a avaliação. Segundo o Inep, 72.506 escolas participaram do Saeb 2019. Dessas instituições, 62.769 tiveram os resultados divulgados. "A avaliação é realizada com foco no ensino público. Ainda assim, 2.117 escolas particulares participaram desta edição", informou o instituto.