Alunos de Ensino Médio e técnico na rede estadual de todo o Rio Grande do Sul poderão voltar às aulas presenciais nesta terça-feira (20), seguindo cronograma determinado pelo governo do Estado. Mas nem todas as escolas vão reabrir para recebê-los: há queixas de falta de equipamentos de proteção individual (EPIs), falta de limpeza nas salas de aula e arredores e de uma sensação de insegurança, mesmo com a definição de protocolos sanitários por parte das autoridades, levando diretores a decidirem manter as portas fechadas.
Uma das escolas que não irá voltar nesta terça-feira é a Baltazar de Oliveira Garcia, no bairro Jardim Leopoldina, zona norte de Porto Alegre. A direção entende que a instituição não oferece condições seguras. Faltam funcionários da limpeza, monitores, recipientes para distribuir álcool, manutenção do pátio e equipamentos de proteção individual.
— Não temos condições de reabertura neste momento. É uma escola muito grande, temos quase 2 mil alunos, aproximadamente 60 salas entre as de aula e as administrativas, e apenas uma funcionária para a limpeza. É uma situação inviável — lamentou a diretora, Marcia Rossetto Nunhofer.
A diretora explica que muitos dos funcionários da limpeza e monitores são do grupo de risco e, por isso, estão afastados. A instituição também só recebeu parte dos equipamentos e produtos prometidos pelo governo do Estado.
Um outro problema que atrapalha os planos da escola é a dificuldade de acesso aos recursos da autonomia financeira. A direção assumiu há dois meses e ainda não pode usar recursos em conta. Com isso, até o pátio está com a grama alta e sujo. Nas salas de aula, os quadros ainda marcam a data de março de 2020. Na prática, a escola está com a estrutura semelhante à da época pré-pandemia – só que ainda mais suja.
Situação semelhante foi encontrada pela reportagem em outras escolas da Capital, como a Escola Estadual de Ensino Médio Mariz e Barros, no bairro Mario Quintana, e no Colégio Estadual Candido José de Godói, no Navegantes. Em todos eles, havia cartazes do CPERS Sindicato: "Escolas fechadas, vidas preservadas".
Diretora da Escola Estadual de Ensino Fundamental Onofre Pires, na Lomba do Pinheiro, Bruna Ruiz dos Santos explica que a instituição não se encontra em condições de receber alunos.
— Nossa escola não tem (Ensino) Médio, mas de qualquer forma não temos funcionários da limpeza para deixar e, depois, manter a escola em condições, portanto não vamos abrir — destaca a diretora.
Quanto aos EPIs, ela detalha que recebeu termômetros apenas nesta segunda-feira (19), um dia antes do retorno previsto para o ensino presencial, mas ainda faltam todos os demais equipamentos de segurança. A situação é a mesma no Colégio Cândido José de Godoi, localizado no bairro Navegantes, também na Capital.
— Não estamos prontos (para o retorno), visto que a escola só recebeu termômetros. Temos falta de pessoas para limpeza, como deve ser para evitar o vírus. Não tem como ensinar ou aprender com medo de pegar o vírus e morrer — diz a vice-diretora, Clarice dal Medico.
O governo garante que realizou a compra de EPIs para todas as escolas da rede estadual, que a entrega está andamento e será finalizada ao longo do mês de outubro. Professores, estudantes e servidores deverão receber todos os equipamentos e produtos de higienização necessários para sua segurança, como máscaras, álcool, tapete sanitizante, termômetros e produtos de limpeza, entre outros.
Conforme a Secretaria Estadual de Educação (Seduc), escolas que não tenham recebido todos os EPIs ou que não atendam a todos os protocolos de segurança deverão continuar em ensino remoto até estarem totalmente de acordo com as medidas sanitárias. Quanto à falta de funcionários da limpeza, a Seduc informa que a expectativa é de que a situação esteja regularizada nos próximos dias.
Cronograma
O cronograma de retorno das aulas presenciais na Rede Estadual de Ensino segue as seguintes datas:
- Ensino Médio e Ensino Técnico: a partir de 20 de outubro
- Ensino Fundamental – Anos Finais: a partir de 28 de outubro
- Ensino Fundamental – Anos Iniciais: a partir de 12 de novembro
Perguntas e respostas
O retorno é obrigatório para os alunos?
Não. Nenhum aluno será obrigado a retornar à rotina de aulas. A decisão fica por conta dos pais e responsáveis pelos estudantes.
Qual a quantidade máxima de estudantes que as escolas poderão receber por dia?
As escolas poderão receber presencialmente no máximo 50% dos estudantes por dia, respeitando as regras de distanciamento social, uso de EPIs e seguindo orientações de higienização pessoal. Os alunos terão aulas presenciais em revezamento com a divisão da turma, respeitando as bandeiras amarela e laranja do Modelo de Distanciamento Controlado do governo do Estado.
Estudantes em grupo de risco retornarão às atividades presenciais?
Não. Estudantes em grupo de risco permanecerão com atividades nas aulas remotas, conforme manifestação dos pais ou responsáveis por meio do Termo de Responsabilidade enviado às famílias.
O estudante pode optar por retornar a qualquer tempo?
O Estado tem por obrigação garantir o acesso à educação a todos os cidadãos. Caso os pais e responsáveis em um primeiro momento decidirem não permitir a presença dos alunos nas aulas presenciais, podem, posteriormente, autorizar a participação dos estudantes nas atividades.
Fonte: Governo do Estado