A proposta do governo do Estado de retomar as aulas presenciais daqui 20 dias foi recebida com preocupação pelos professores. Os sindicatos da redes estadual e privada de ensino prometem articulação contra o projeto do Piratini, avaliado pelas entidades como "irresponsável" e "prematuro"
— A cada dia os óbitos crescem, os leitos de hospitais diminuindo as vagas. Em um momento em que a pandemia está em uma curva ascendente, é uma irresponsabilidade falar em volta às aulas. Não é possível pensar em voltar às aulas — diz a presidente do Cpers-Sindicato, que representa professores das estaduais, Helenir Schurer.
A opinião é endossada pela diretora do Sindicato dos Professores do Ensino Privado do Rio Grande do Sul (Sinpro-RS), Cecília Farias, que entenda ainda o retorno como precoce:
— Ouvimos com muita preocupação essa notícia sobre a volta gradativa a partir do final de agosto. Nos parece muito prematura essa volta.
Outra crítica das entidades é o início das aulas pela Educação Infantil. A preocupação é com a contaminação no ambiente escolar, considerando que a maioria das crianças são assintomáticas.
— As crianças menores serão as primeiras a voltar, elas serão com certeza transmissoras da covid-19. Como as crianças normalmente são assintomáticas, esses vírus nelas é invisível, e temos muita preocupação de que os professores sejam bem atingidos com isso — avalia Cecília.
— O risco é muito grande para professores, servidores e alunos — conclui Helenir.
Cecília diz ainda que os professores sentem falta da sala de aula, mas que o risco neste momento leva a opinar pela manutenção do ensino remoto:
— Existe, sim, uma visão dos professores de que o trabalho à distância tem sido extremamente desgastante e de que o trabalho presencial é muito melhor. No entanto, existe a preocupação forte de que não seja ainda o momento de retornar a sala de aula.