O presidente da Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs), Maneco Hassen, vê com preocupação a proposta do Estado de retomada gradual das aulas a partir de 31 de agosto e diz também ter sido surpreendido pela data sugerida pelo governo. A proposta é de retorno daqui 20 dias, e os prefeitos vinham se programando para um recomeço mais adiante.
— Nós ainda nem encerramos o debate das bandeiras. Hoje (terça-feira, 11), foi publicado o decreto. Ou seja, acabamos de sair de uma polêmica e estamos entrando em outra — afirma Hassen, que é prefeito de Taquari.
O momento, acredita o presidente, deveria ser para focar nas medidas de prevenção, já que, segundo ele, há uma parcela da população que ainda precisa entender a gravidade da situação da pandemia de coronavírus no Estado.
De acordo com Hassen, nos próximos três dias, os 497 prefeitos e prefeitas dos municípios gaúchos deverão participar de uma pesquisa proposta pela Famurs onde indicarão se aprovam a proposta do Estado. As 27 associações regionais também se reunirão para debaterem o tema. A Famurs pretende chegar a uma primeira posição da entidade até 18 de agosto, quando ocorrerá uma nova reunião com o governo para discutir a questão.
Hassen destaca ainda que a entidade está aberta ao diálogo para melhorar a proposta, se necessário. Para ele, o quesito fundamental é a segurança da comunidade escolar no retorno às aulas.
— Não enxergo a segurança necessária para o retorno das aulas, justamente, neste momento em que os números da pandemia continuam elevados no Estado. Não temos garantia nenhuma de que em 31 de agosto a situação estará melhor — ressalta Hassen.
De acordo com a sugestão inicial apresentada pelo Estado, o retorno gradual e escalonado das aulas presenciais nas redes pública e privada ocorrerá somente nas regiões que estiverem em bandeira amarela e laranja. O secretário da Educação, Faisal Karam, deixa claro que os prefeitos darão a palavra final para o retorno nos municípios.
— Não será uma imposição. Estamos sugerindo um calendário, e, se o quadro do contágio por coronavírus não apresentar um achatamento da curva, tudo será revisto. A autonomia de levar os filhos para a escola é dos pais. Se preferirem não fazer isso, será necessário que o Estado e os municípios busquem alternativas para a continuidade da educação. Os prefeitos terão a autonomia para, dentro da realidade da sua cidade, decidir se há condições para o retorno presencial — explica o secretário.