Ao contrário de outros países, que adiaram ou cancelaram seus exames de ingresso ao ensino superior devido à pandemia de coronavírus, o Brasil manteve o calendário de aplicação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), previsto para ocorrer nos domingos entre os dias 1º e 29 de novembro.
Em entrevista ao programa Gaúcha+ desta terça-feira (12), o presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Camillo Mussi, explicou a decisão:
— Nesse momento, o importante é que sejam realizadas as atividades necessárias para que o Enem aconteça, como isenção (da taxa de inscrição dos participantes), inscrição, divisão do aluno por sala, contratação de gráfica, etc. Então se não fizermos os preparativos, cada dia que se adia a inscrição ou isenção, nós estaremos lá na frente perdendo a oportunidade de fazer a prova. O Enem 2020 tem que acontecer. Não é possível, neste momento, imaginar uma prova em março, que se entregue as notas em maio e que o ano letivo comece em junho.
Mussi garantiu que ainda é possível mudar a data do exame. Como as provas são impressas conforme a divisão dos candidatos por sala, uma decisão deverá ser tomada até o dia 30 de julho, antes da impressão, que é a data limite para o órgão determinar se tomará medidas sanitárias durante a realização do exame, como o distanciamento entre participantes. Segundo ele, até o momento, a adesão à prova tem superado as expectativas.
— (As inscrições) iniciaram ontem, às 10h, e até agora têm 1,8 milhão de inscritos, com três milhões de isenções da taxa. Neste ano, terminamos o primeiro dia com 10% a mais de inscrições do que no ano passado. Me parece que as pessoas estão entendendo e estão conseguindo fazer.
A aplicação das provas neste ano acendeu debates entre o Ministério da Educação e outros setores da sociedade. Na semana passada, o ministro da pasta, Abraham Weintraub, sugeriu que grupos de esquerda estariam fazendo pressão pelo adiamento e afirmou que o exame não foi feito para corrigir injustiças.
Na segunda (11), o Tribunal de Contas da União deu cinco dias para o Inep se manifestar a respeito do calendário do exame, pois considerou que a crise do coronavírus colocou em risco os princípios e objetivos da prova.
Enem digital
A principal novidade para o Exame deste ano é a aplicação de 100 mil provas digitais. O presidente frisou que a realização da prova não será em casa, e sim em instituições cadastradas e credenciadas pelo Inep. A prova será respondida pelo computador, mas redação ainda será entregue impressa, pelo menos neste ano.
— O Enem digital nos oportuniza que alcancemos mais cidades, pois não teríamos que pensar em uma logística dos correios, em que prova vai e volta, por exemplo, e nos permite realizar mais provas também. Além disso, poderemos usar questões diferentes, com video, áudio, etc.
Nos próximos anos, a ideia é gradativamente tornar a realização do exame digital para 100% dos participantes, em 2026. Ele garantiu que o nível de dificuldade será o mesmo da prova impressa.
No Rio Grande do Sul, as vagas para a versão digital estão esgotadas em Porto Alegre e Santa Maria. Candidatos de Caxias do Sul, Bento Gonçalves, Pelotas e Santa Cruz do Sul ainda podem se inscrever na modalidade.