O ano letivo começou há 175 dias, mas os alunos do 9º ano da Escola Estadual de Ensino Fundamental Coronel Aparício Borges, no Partenon, em Porto Alegre, tiveram, até o momento, apenas 29 dias de aula de matemática. O motivo? Falta de professor.
A reportagem acompanha a situação da escola desde agosto. Há quase um mês, GaúchaZH noticiou que a escola havia recebido um novo docente. No entanto, o professor permaneceu na instituição por duas semanas e, em seguida, por determinação da Secretaria Estadual de Educação (Seduc), foi redirecionado para a antiga escola onde atuava.
— Nós ficamos sabendo pelo próprio professor que ele iria sair. Ligamos para Coordenadoria Regional de Educação (CRE) que, então, nos confirmou. Pelo que ficamos sabendo, em função dos protestos dos alunos do Julinho (Colégio Estadual Júlio de Castilhos) contra as enturmações, os professores foram chamados a retornar para suas escolas de origem. Lamentamos muito, porque era um excelente profissional — descreve a diretora Denise Nunes, 57 anos.
Correndo atrás
Com a medida, cerca de 500 alunos, do 6º ao 9º ano, voltaram a ficar sem aula, revoltando alunos e familiares. Selma Dornelles, 60 anos, avó da aluna Thaissa Dornelles, 15 anos, diz que a maior preocupação é com o próximo ano, quando a estudante ingressará no Ensino Médio.
— Agora, não temos como correr atrás de outra escola, não há alternativas. Ela está no 9º ano. No ano que vem, vai para uma nova escola. Como ela vai conseguir acompanhar os novos colegas? — indaga.
Faltando cerca de 45 dias para o ano letivo terminar, o estudante Igor Mendonça, 15 anos, não tem nenhuma nota de matemática no boletim. Indignado, foi pessoalmente levar a denúncia da falta de professor ao Conselho Tutelar, mas não obteve retorno. Enquanto isso, ele e os colegas seguem organizando a festa da formatura e preparando-se individualmente para o Ensino Médio.
— Minha família me pede para revisar o conteúdo que eu já aprendi. É um sentimento de tristeza — relata a colega Thaissa.
Enquanto isso, a escola segue o mesmo esquema desde abril, quando perdeu o primeiro professor: rodízio de docentes e liberação das aulas.
— Eles terão a carga horária exigida cumprida, poderão se formar, mas porque os outros professores ajudam. Mas a nossa preocupação é com a qualidade. Na verdade, é como um depósito, os alunos ficam ali recebendo tarefas quase como um faz de conta — desabafa a diretora Denise.
Previsão de chegada em novembro
Além da matemática, a escola segue com dois períodos em aberto, à tarde, em inglês, e cinco períodos de artes e ensino religioso. Na última matéria publicada pelo DG, a Seduc disse que a ideia era preencher a lacuna com algum professor que atue nas proximidades da instituição até o início de outubro, o que não ocorreu. A direção também tem solicitado mais um funcionário para limpeza e, apesar da contratação já aprovada, ainda não recebeu o reforço.
A Secretaria Estadual de Educação (Seduc), por meio de nota, informou que “já autorizou uma nova contratação, de 40 horas, para suprir a demanda da disciplina de matemática. A previsão é que o novo educador esteja em sala de aula até o início do mês de novembro”. Ainda segundo a Seduc, “as disciplinas de inglês, artes e ensino religioso já tiveram a carga horária devidamente preenchida. A instituição conta ainda com uma servente de limpeza e aguarda a contratação de mais um profissional”, conclui a nota.