A unificação de turmas em escolas estaduais, também chamada de enturmação, está motivando uma série de protestos de professores e estudantes. Nesta terça-feira (8), a comunidade escolar do Colégio Júlio de Castilhos, na Capital, realizou uma manifestação contra a medida. O grupo saiu em caminhada da frente do prédio da instituição até a sede da 1ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), a fim de mostrar contrariedade ao procedimento. Nesta quarta-feira (9), foi realizada uma nova ação, desta vez saindo da Escola Técnica Parobé, onde também ocorreriam mudanças, até o Ministério Público.
Segundo a presidente da União Municipal dos Estudantes Secundaristas de Porto Alegre (Umespa), Vitória Cabreira, no Colégio Julinho o agrupamento envolveria nove turmas.
– Oito professores perderam carga horária ou foram transferidos. Para nós, a enturmação é o princípio do fechamento de escolas – declarou.
A alteração atingiria turmas de vários anos do Ensino Médio da escola. Uma delas já estaria funcionando nos novos moldes. Ana Souza, 18 anos, aluna do 3ª ano, diz que o processo pode atrapalhar o andamento das aulas.
– Vêm alunos de outras turmas, que estão em um ritmo diferente do nosso. Além disso, estamos para nos formar e com tudo organizado para nossa formatura, sem termos previsto esses outros colegas – explicou.
Em Canoas, há duas semanas a direção da Escola Estadual Cristóvão Colombo foi comunicada pela CRE sobre a necessidade de enturmação. Por consequência, duas turmas de 2º ano do Ensino Fundamental, uma do turno da manhã e outra da tarde, passaram a estudar juntas à tarde. Cada uma tinha cerca de 13 alunos, agora, está com 27.
– Ficou uma turma grande, ainda mais para quem está em processo de alfabetização – declarou a vice-diretora Kuely Ramos.
A Escola Estadual Cândido José de Godói, no bairro Navegantes, em Porto Alegre, também passaria pela mudança, mas se mobilizou e conseguiu reverter a decisão junto à Secretaria Estadual de Educação (Seduc).
"Para otimizar recursos", argumenta a Secretaria de Educação
A Seduc informa que, ao longo de todo o ano, vem realizando estudos para a avaliação das necessidades da rede pública de educação do Rio Grande do Sul. Atualmente, está em construção a previsão de demanda para 2020, com a realização de estudo do número de alunos e professores conforme necessidade para o próximo ano.
Os processos de gestão realizados pela Secretaria têm o objetivo de otimizar os recursos das escolas diante do número de alunos matriculados. A Seduc informa, ainda, que o Estado tem interesse em parcerias com os municípios para a oferta do Ensino Fundamental 1 (1º ao 5º ano), mas não há definições até o momento.