O segundo semestre letivo começou, e a promessa para construção do novo prédio da Escola Municipal Ildo Meneghetti, no bairro Estância Velha, em Canoas, mais uma vez, não se cumpriu. Mobilizados, os pais organizaram um dossiê com documentos e fotos dos problemas estruturais da instituição e entregaram na última quarta-feira (25) ao Ministério Público.
Em fevereiro de 2018, o reportagem mostrou a situação da escola, que funciona em estruturas provisórias desde 1990. Os prédios sofrem com cupins, com assoalhos de madeira ocos e soltos e fiação elétrica insuficiente.
– Olha aqui esta parede, balança! – demonstra uma das professoras da escola ao tocar na estrutura, durante a passagem da reportagem pelas salas de aula.
Os alunos também fazem questão de mostrar os remendos no piso, que constantemente se solta. Os consertos têm sido feitos por um voluntário que tem netas na escola.
Presidente do Conselho de Pais e Mestres (CPM), Jadir Carvalho, 38 anos, lembra ainda do muro lateral do prédio que está caindo, do refeitório que alaga a cada chuva e do perigo a que as crianças estão expostas, diariamente, por ficarem em salas de aula que foram construídas com amianto, que é tóxico e tem uso proibido.
– Há relatos cada vez mais frequentes de crianças dor de cabeça durante as aulas – conta Jadir.
Um dos problemas mais graves da escola mostrados no ano passado se referia a uma parte do prédio que estava despencando. Há um ano, essa estrutura foi demolida, e, no lugar, colocados dois contêineres, onde, hoje, funcionam os dois primeiros anos. Mesmo improvisados, pelo menos agora, os alunos estudam em um ambiente mais seguro e com ar-condicionado.
No entanto, no restante da escola, as complicações prosseguem. Uma grande estrutura de concreto, sem nenhuma cobertura, é usada para as apresentações. Em dia de chuva, o refeitório não pode ser usado, pois uma parte do espaço é aberta e a água invade as poucas mesas usadas para atender os cerca de 600 alunos. Outra preocupação é com a fiação elétrica.
– Tem queda de luz todo dia. Nós promovemos eventos para arrecadação de verbas e conseguimos reunir um valor para compra de ar-condicionado, mas não tivemos autorização para instalar em função da rede elétrica. Quase tudo que conseguimos de melhorias aqui são feitas por nós mesmos – destaca a diretora Edineia Petry.
Apesar dos elogios ao plano pedagógico da escola e aos professores, os pais afirmam que temem pela segurança dos filhos. A técnica em Enfermagem Cláudia Cardoso, 42 anos, conta que viu o projeto de construção da nova escola, pela primeira vez, há cinco anos.
– A gente fica sempre na esperança de que vai acontecer – enfatiza.
A dona de casa Rosa dos Santos, 42 anos, já formou um filho na escola e agora acompanha a rotina do outro, aluno do 5º ano, no espaço cada vez mais deteriorado.
– A comunidade se mobilizou para votar no Orçamento Popular, conquistamos a construção da nova escola, mas ficou tudo na promessa. Troca governo e continua tudo igual – critica Rosa.
Prefeitura irá desmanchar escola e construir outra nova
A prefeitura de Canoas diz estar ciente do estado precário que a escola se encontra e, levando em consideração o descaso de antigas gestões, buscou alternativas para construir um novo prédio. Uma delas era trocar um terreno avaliado em R$ 11 milhões pela construção de três escolas, uma delas a Ildo. Para isso, a prefeitura lançou três editais para captar empresas interessadas na permuta, mas não houve interessadas.
O município, então, buscou empréstimos junto ao Banco do Brasil, recursos garantidos recentemente. “Neste momento, aguardamos a análise da documentação para liberação dos valores e início da licitação”. “Não há, diante do estado de degradação da estrutura, como fazer reformas pontuais ou pequenas melhorias. A prefeitura de Canoas irá desmanchar a escola e construir uma nova”. O valor estimado da obra é de R$ 5,5 milhões.