Mais de 2,2 mil professores que hoje atuam em bibliotecas de escolas estaduais poderão ser levados de volta às salas de aula para ensinar matemática, português e ciências. O secretário da Educação do Rio Grande do Sul, Faisal Karam, afirmou no programa Gaúcha+, da Rádio Gaúcha, que o governo do Estado identificou 2.225 professores que hoje trabalham como bibliotecários, e está convocando este grupo a retornar às atividades de ensino.
De acordo com o secretário, esta situação gera duplicação nos gastos ao Estado, que precisa fazer contratos emergenciais para suprir a falta de professores, e ainda pode desqualificar o sistema de ensino, ao passo que retira de suas funções servidores experientes e bem preparados e se coloca na vaga professores por vezes sem a mesma qualificação.
— São servidores que se prepararam ao longo da vida para serem professores mas, por alguma razão, optaram por exercer outras tarefas. E o sistema permitiu que eles fizessem complementação de carga horária, convocações aqui e ali e fosse levando a sua vida como achassem mais correto. O grande culpado disso é a figura do Estado do Rio Grande do Sul, que permitiu que o sistema fosse posto dessa forma — afirmou.
O secretário não deixou claro como serão preenchidas as lacunas deixadas nas bibliotecas, mas afirmou que a abertura de concursos neste momento é uma hipótese praticamente descartada, dada a condição financeira do Estado. Uma possibilidade é a contratação de técnicos em biblioteconomia para assumirem as funções.
—O certo é que as bibliotecas estarão abertas aos alunos e professores — garantiu.
O secretário disse que, no total, foram identificados cerca de 6 mil professores fazendo outras tarefas, incluindo secretaria e até portaria. O governo pretende agir para que o maior volume possível volte a dar aulas.
—Se 6 mil professores estão fora das salas, significa que temos gastos duplicados com seis mil contratos emergenciais. Precisamos otimizar os recursos. Temos que readequar toda estrutura da educação no Estado para otimizar e racionalizar a educação e trazer estes professores para dentro das salas — resumiu.
Karam antecipou que, até maio, o governo do Estado lançará um aplicativo, atualmente em fase de testes, para aproximar alunos, professores e os conselhos regionais de educação, os Coredes. Sem entrar em detalhes, afirmou que o programa possibilitará, por exemplo, que os pais tenham acesso em tempo real às notas e outras informações sobre a presença e desempenho dos seus filhos nas escolas.