Um ano depois da perda da filha, morta após uma briga com uma colega na escola, em 8 de março de 2017, a comerciante Teresinha Avelhaneda, 45 anos, segue revoltada.
No dia que marca um ano da morte de Marta Avelhaneda Gonçalves, 14 anos, a mãe tem queixas a respeito da Justiça, da escola e da família da suposta agressora, que teria praticado bullying com a vítima. Confira a conversa de Teresinha com GaúchaZH.
Como a família está vivendo o primeiro ano da morte de Marta Avelhaneda?
O que eu posso dizer? A gente não vive mais. É uma situação que jamais tu pensas em passar na tua vida. Ainda mais da forma que foi, dentro de um colégio. Se a Justiça não faz nada, o que a gente pode fazer?
A senhora não está satisfeita com a forma como as autoridades trataram o caso?
Mas se não fizeram nada até agora! A guria (a adolescente envolvida na morte de Marta) está foragida. Como é que vou estar satisfeita? Acho que largaram de mão. Só isso. Não estão nem aí para nada.
O dia de hoje foi diferente para a família?
Claro, né? Essa noite passada eu não dormi nada. Tu ficas pensando: "Meu Deus, se fosse hoje, se eu soubesse que ia acontecer isso, podia fazer alguma coisa". Mas como é que tu vais adivinhar uma coisa dessas. Para mim está sendo muito triste. Sou um zumbi, não vivo mais.
A família fez algo de especial para marcar a data?
A gente não fez nada, mas no domingo vamos fazer um protesto no parcão de Cachoeirinha. Vai ser às 16h e vai ter muita gente. Vão todos os amigos dela. Vamos pedir Justiça, pedir que façam alguma coisa. Hoje a gente liga no Ministério Público para saber do caso e só dizem que está em sigilo, que não podem dizer nada.
Hoje houve um ato em memória da sua filha na Escola Luiz de Camões. A senhora ficou sabendo?
Fiquei sabendo pela imprensa. Eu não sabia. Ninguém falou nada, ninguém comunicou a família. Eu não teria ido, porque não consigo nem passar na frente daquele colégio. Para mim, aquela rua não existe.
A relação da senhora com a escola está ruim?
Eles nunca chegaram para falar nada comigo. Desde o dia em que aconteceu, eu estava lá no hospital esperando notícias da Marta e eles me disseram que ela tinha passado mal, não me falaram a verdade. Sempre do meu lado, mentindo. Se eles tivessem falado a verdade para as pessoas da ambulância, quando chegaram, tenho certeza de que tinham salvo a Marta.
A senhora se sente abandonada?
Muito abandonada. Ninguém está nem aí, ninguém fala nada. No meu pensamento, acho assim: quem perdeu foi só eu. A gente não quer viver mais, sabe? Uma coisa que eu queria pedir era para a mãe dessa guria pensar um pouquinho na gente, aparecer com essa menina. Ela acha que está fazendo o certo para a filha dela, mas não está fazendo. Ela está fazendo errado. Se está acobertando agora, o que mais essa guria vai fazer mais tarde? Queria que ela sentisse 1% da dor que eu estou sentindo. Só 1%, e ela já faria isso que estou falando.