Frases de cunho racista e desenhos com apologia ao nazismo foram identificados, mais uma vez, dentro da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Nesta terça-feira (21), a ação foi vista na parede da sala do Diretório Acadêmico do curso de Ciências Sociais, no campus da UFSM, no bairro Camobi. Essa é a terceira vez no ano que a instituição registra ações de manifestação de ódio.
Desta vez, foram escritas as frases "brancos no topo" e "fora macacos" junto aos nomes de três estudantes da instituição. Além disso, também foram desenhadas suásticas nazistas no local.
A estudante do 4º semestre do curso de Ciências Sociais Nuncia Guimarães teve o nome escrito na parede junto às mensagens racistas. A aluna espera que o caso seja esclarecido:
— Ficamos sem reação. Até porque mesmo que estejamos acompanhando muita coisa horrível, nunca esperamos que esse tipo de situação venha a acontecer diretamente contigo. Foi um momento bem tenso. Mas recebemos muita força. O problema nisso tudo é que convivemos com essas pessoas (possíveis autoras das mensagens) e elas nos conhecem. E o nosso maior desejo, agora, é que isso não seja esquecido, que não passe batido porque não podemos deixar que esse tipo de situação se torne normal, que isso seja naturalizado.
O caso foi registrado pelos alunos na Polícia Federal. De acordo com o reitor da UFSM, Paulo Burmann, como o local não possui câmeras de segurança e por ter grande circulação de pessoas, há dificuldade na identificação dos autores. Uma investigação interna, segundo o reitor, também será aberta para apurar o caso:
— As providências estão sendo tomadas, foi feito registro na Polícia Federal e o serviço de vigilância está acompanhando os desdobramentos. Além disso, a ouvidoria acompanha o caso. A partir daí é mais uma sindicância que se instala para apuração dos responsáveis. É um cenário que preocupa porque, cada vez mais, se desenha um cenário de intolerância e de ódio. Hoje nós não sabemos dizer de fato se são pessoas ligadas à universidade ou não, visto que a instituição é um espaço público. É um processo inadmissível, entristece a comunidade universitária e a sociedade como um todo — destacou o reitor.
Outros casos
Em agosto deste ano, foram desenhadas suásticas nazistas na sala do Diretório Acadêmico do Direito, que fica no prédio da Antiga Reitoria, no centro de Santa Maria. Depois, em setembro,a mesma sala recebeu as frases "O lugar de vocês é no tronco" e "fora negros" atacando diretamente, pelo menos, dois alunos negros do curso. Esses dois casos seguem sob investigação da Polícia Federal e ainda não há desdobramentos.
Com relação à repetição desses casos, a universidade reconhece que poderia investir mais em vigilância, mas esbarra na questão financeira:
— O que precisamos fazer é intensificar a vigilância em todos os espaços. Mas nós estamos caminhando em termos de orçamento na contramão desse processo. Os recursos estão sendo limitados e reduzidos a cada dia, o que nos obriga também a reduzir os serviços. Vamos intensificar dentro do possível as vigilâncias física e eletrônica para tentar a identificação e inibir ações desse tipo — afirmou Burmann.
Os nomes dos outros estudantes que tiveram os nomes citados nas mensagens racistas na parede do Diretório Acadêmico do curso de Ciências Sociais não serão divulgados.