Não houve correria nos minutos que antecederam ao início do primeiro dia de provas do vestibular 2017 da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) no Colégio Estadual Júlio de Castilhos. Em torno de 200 candidatos iniciaram às 8h30min as provas de Física, Literatura e Língua Estrangeira nesta que é uma das 55 instalações que recebem o concurso mais concorrido do Estado em Porto Alegre, além de escolas em Imbé e Tramandaí, no Litoral Norte, e Bento Gonçalves, na Serra.
Está prevista para às 17 horas deste domingo a divulgação do gabarito deste primeiro dia de provas. Números de abstenção só serão divulgados nesta segunda-feira. Segundo a Reitoria, o primeiro dia de vestibular não registrou incidentes.
Mas quem ficou para trás foi o mato-grossense Paulo Aparecido de Souza, 38 anos, que tentava pela primeira vez ingressar no curso de Medicina. Ele chegou ao colégio seis minutos depois de fechados os portões. Vinha de moto de Eldorado do Sul.
– Acho que o problema foi a rota que eu peguei para chegar aqui. Ainda não conheço a cidade. Foi por isso – disse, decepcionado, sem conseguir ingressar no local de prova.
A Medicina, como de costume, é o curso mais procurado nesta edição do vestibular. São 74,26 candidatos para cada uma das 98 vagas abertas por esta via de ingresso. Uma das candidatas é a catarinense Duanne Pandini, 17 anos. Ela chegou cedo ao local da prova, acompanhada do pai, Darci Pandini, 56 anos, nesta que é mais uma etapa de uma verdadeira jornada para conseguir ingressar na Medicina.
– É um desejo muito grande dela, e eu dou todo o apoio. Já fez provas em Pelotas, Florianópolis e Curitiba – diz o pai.
Vestibular reduzido
A família é moradora de Presidente Getúlio, no Vale do Itajaí, a 220 quilômetros de Florianópolis. Chegaram no sábado a Porto Alegre para um vestibular atípico. São 33.459 candidatos inscritos para 4.017 vagas na universidade. Uma redução de 12% no número de inscritos em relação a 2016.
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No portão do Júlio de Castilhos, quem sentiu a diferença foi a Solange Santos da Silva, 55 anos, que há 12 vende água mineral com o marido para os vestibulandos para garantir uma renda extra.
– Está decepcionante. A gente vendia, em média, 10 fardos de água. Teve ano que vendemos mais de 20. Hoje, não passou de cinco fardos. Não sei se é a crise ou se o vestibular diminuiu mesmo – comenta a educadora social no município de Alvorada.
Candidatos dos 17 aos 66 anos
Com mais ou menos candidatos, o nervosismo dos colegas recém saídos do Ensino Médio do Colégio Leonardo Da Vinci na fila para iniciar o vestibular era visível. Fernanda Albanus tenta uma vaga em Relações Públicas, Elisa Fernandes, em Educação Física, Nicolas Haag, Economia, e Sofia Arend, Direito. Os quatro têm 17 anos. Minutos antes do início das provas, a preocupação dos quatro era uma só:
– A prova de Física. É um bicho papão – brincou a Sofia.
Para a servidora estadual Jacir Pereira, 66 anos, que pela primeira vez tenta o vestibular para Serviço Social, o que vier, é lucro.
– A preparação foi complicada, não deu muito tempo para estudar. Mas é um sonho que eu tenho e os meus dois filhos me apoiaram muito para que eu fizesse o vestibular. Vamos ver o que vai dar – disse a caminho do portão do Colégio Júlio de Castilhos.