Diante da cadeira odontológica, conectada a uma câmera intraoral, a tela touchscreen mostra ao paciente cada passo do procedimento. Aos estudantes e professores, possibilita discutir a melhor forma de fazer um tratamento de canal ou qual técnica cirúrgica escolher. Assim começou a funcionar o Hospital de Ensino Odontológico da UFRGS, inaugurado na semana passada.
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A estrutura fica junto à Faculdade de Odontologia, no bairro Santana. Lá, a instituição alia ensino e pesquisa à extensão, oferecendo atendimento voltado à saúde bucal. A ambição é que se torne referência, nos moldes do vizinho Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), e passe a operar 24 horas por dia.
– Nosso conjunto de profissionais envolve docentes na orientação, estudantes de graduação no processo de treinamento e alunos da pós-graduação fazendo pesquisas e trabalhando colaborativamente no treinamento de docência. A residência de saúde bucal também poderá usar o hospital – explica o diretor da Faculdade de Odontologia, Pantelis Varvaki Rados.
O serviço já estava disponível à população dentro da faculdade. Agora, no anexo concluído há menos de um ano, os atendimentos poderão ser ampliados, com novos equipamentos e uma estrutura que possibilita a exigência de critérios avançados de biossegurança – entre eles, o controle de quem acessa o prédio e a rigorosa esterilização dos equipamentos.
– Os instrumentos que chegam da área suja, por exemplo, são higienizados e deixados para esterilização. São retirados esterilizados em outra sala e colocados em guichês numerados de acordo com o atendimento previsto – explica a coordenadora das clínicas odontológicas da faculdade, Berenice Barbachan.
A inauguração é fruto de um processo iniciado em 2002, quando o Ministério da Educação (MEC) propôs uma modificação dos cursos da área de saúde, aproximando-os do SUS. As Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) desencadearam a discussão de como poderia se fazer o envolvimento com o SUS mantendo a qualidade da educação.
– Tivemos de vencer resistências, a partir de um novo cenário de práticas para alcançar o objetivo de formar com qualidade dentro do SUS. Nesse contexto, viu-se necessidade de outro espaço – conta Rados.
Com a ampliação do vínculo do hospital com a prefeitura, será possível atender a demandas que chegam via Secretaria Municipal da Saúde para média e alta complexidades. A utilização do espaço ocorre de forma progressiva para que a estrutura seja testada.
– No momento que conseguirmos formalizar a vinculação, o fluxo de atendimento começa a se tornar mais rápido e efetivo – acrescenta o diretor.
Todos os alunos realizam consultas
O Hospital de Ensino Odontológico conta com o trabalho de estudantes, técnicos e professores. Além dos atendimentos, a instituição também é um espaço de pesquisas.
– Há uma equipe técnica de apoio, que é responsável por procedimentos como esterilização e distribuição de materiais, e uma equipe de preceptoria – afirma a fonoaudióloga Brunah de Castro Brasil, coordenadora do núcleo especializado da Faculdade de Odontologia.
Os pacientes chegam ao local e passam por uma consulta de acolhimento, que é feita por um cirurgião-dentista da universidade. É ele quem encaminha para as quatro clínicas de especialidades (desde a mais básica até a mais complexa), onde atuam estudantes e professores. Todos os alunos da instituição, em algum momento da graduação, realizam consultas.
Com 143 boxes de atendimento e duas salas individuais para atendimento de urgência em uma estrutura de mais de 3 mil metros quadrados, a capacidade do hospital é de 700 atendimentos diários, com seis salas de raio-X e outras seis para orientação. Por enquanto, a média é de 2 mil atendimentos semanais pela manhã, à tarde e à noite.