O secretário estadual da Educação, Luís Alcoba de Freitas, começou a manhã gelada desta terça-feira com uma peregrinação pelas escolas ocupadas em Porto Alegre, para entregar aos estudantes uma carta-compromisso do governo, com as primeiras providências que o Estado se dispõe a tomar para que os alunos desocupem as instituições.
Estudantes são barrados em reunião na Seduc
MP vai acompanhar reivindicações de alunos da escolas ocupadas
A primeira parada foi no Instituto de Educação Flores da Cunha, no bairro Bom Fim. Freitas foi recebido por um grupo de alunos, que, poucos minutos antes, havia recebido o documento das mãos de representantes da Seduc. Precisou esperar no portão até ser liberado para entrar na escola.
Pela proposta apresentada, o governo se compromete em repassar, até o final deste mês, verbas direto para as direções providenciarem reparos mais imediatos nas escolas, como limpeza, manutenção de quadras de esportes e capina, além de ampliar a fiscalização do que é servido na merenda escolar, cuja verba é repassada pelo governo federal e reposição de professores para preencher o quadro de todas as escolas. A contrapartida dos estudantes seria desocupar as instituições de ensino em 48 horas.
– A nossa proposta está dentro do que a gente pode de fato atender. Não viemos aqui iludir os estudantes – disse Freitas.
Entre os estudantes, o clima era de desconfiança quanto ao cumprimento das promessas, mas a ideia é levar os pontos da carta-compromisso para uma discussão geral entre todas escolas ocupadas ainda nesta terça-feira.
– Primeiro, a gente vai avaliar a proposta e definir com as outras escolas. Não dá para decidir uma coisa assim, sem olhar com calma – ponderou o estudante Fredericco Restori, aluno do 3º ano do Ensino Médio.
Frente a frente com o secretário, os estudantes mobilizados questionaram o parcelamento de salários dos professores, a falta de verbas para a Educação e pediram providências do governo para barrar projetos de lei, que, no entendimento dos estudantes, colocariam em risco a educação pública. Eles também entregaram um documento detalhando as reivindicações.
Ao deixar o Instituto de Educação rumo a outras escolas, o secretário de Educação não teve garantias de que os prédios seriam desocupados em 48 horas, tampouco se a carta-proposta havia sido bem-recebida entre os manifestantes. Ele não descartou tomar medidas judiciais para, em caso de as desocupações não se concretizarem, retomar a normalidade na rotina das escolas, mas descartou uso de força policial.