Representantes dos estudantes das 19 escolas que continuavam ocupadas no Rio Grande do Sul aceitaram deixar os locais até quinta-feira. A decisão foi tomada em acordo com a Secretaria de Educação do Estado, em audiência de conciliação realizada no Foro Central de Porto Alegre na tarde desta terça-feira.
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As escolas que continuavam ocupadas haviam discordado da decisão tomada anteriormente sobre a desocupação. No dia 14, estudantes vinculados a entidades como União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) e a coletivos como Juntos e União da Juventude Socialista (UJS) firmaram um acordo com o governo do Estado para liberar as instituições, mas outros jovens que se diziam independentes optaram por não arredar o pé porque não consideraram que os seus pedidos haviam sido atendidos.
A pauta acordada com os estudantes pouco tem de diferente da proposta anterior: inclui todos os mesmos pontos já apresentados pelo governo do Estado, mas contempla ainda necessidades específicas de cada uma das escolas em que os alunos decidiram dar continuidade ao movimento.
– Nós avançamentos em algumas questões específicas das escolas deste grupo, especialmente quanto aos valores que seriam repassados. Entramos em acordo em relação às reivindicações deles sobre os professores, autonomia e verbas destinadas a obras escolares – afirmou o secretário de Educação, Luís Alcoba, ao deixar a audiência de conciliação.
Agora, os estudantes afirmam que deixarão as escolas até o meio-dia de quinta-feira. Eles garantem que querem deixar os locais em condições de já receberem aulas no mesmo dia. Entre as instituições que continuam ocupadas – a maioria de Porto Alegre e Região Metropolitana – está o Colégio Estadual Júlio de Castilhos, conhecido como Julinho, o maior do Estado.
– A gente queria mais tempo, mas conseguiu até o meio-dia de quinta-feira. Queremos deixar as escolas exatamente como as encontramos. Encerramos as ocupações mas, infelizmente, o que foi apresentado continua vago – disse a aluna Brisa de Moura Davi, 16 anos, que participa da ocupação no Julinho há mais de um mês.
Na saída da reunião, muitos estudantes se abraçaram e, ao final, comemoraram o acordo. Também contente com o desfecho, Alcoba afirmou que a expectativa agora é de resolver as questões que levaram à greve dos professores o quanto antes.
A expectativa da Secretaria da Educação é que as aulas nas escolas que continuam ocupadas sejam retomadas ainda nesta semana. A recuperação do calendário escolar deverá ser decidida por cada diretoria e provavelmente contemplará aulas em período de férias e aos sábados.
* Zero Hora