Um estudo feito com 20 mil crianças chinesas, divulgado nesta quinta-feira, afirma que as crianças pobres são menos propensas a sofrer de miopia que as mais ricas.
Registrou-se o dobro de casos de miopia em crianças da província de Shaanxi, onde estudantes de famílias de classe média têm um acesso maior a livros que requerem maior concentração, em comparação com a província vizinha de Gansu, mais pobre, destacou o estudo em oftalmologia da Academia Americana de Oftalmologia.
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Pesquisadores asseguraram que a descoberta se baseia em estudos com a maior mostra populacional já coletada. Integraram a equipe cientistas de agências governamentais e universidades chinesas, bem como especialistas da Universidade de Stanford, na Califórnia.
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Foi examinada a visão dos estudantes do quarto e do quinto ano, com idades entre nove e 11 anos. Mais de 9,4 mil estudantes vinham de Shaanxi e mais de 10,1 mil, de Gansu, a segunda província mais pobre da China. Segundo o estudo, cerca de 23% dos jovens de Shaanxi sofrem de algum grau significativo de miopia, quase o dobro dos da província com de Gansu, mais pobre, que registrou 12,7% de casos significativos.
- O risco de sofrer de miopia aumentou 69% em áreas de classe média, mesmo após considerados outros fatores de risco, como o tempo de leitura, atividades ao ar livre, clima ou se os pais dos estudantes usam óculos - destacou o estudo.
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Ser bom em matemática, uma disciplina que requer intensa concentração sobre livros ou computadores, foi considerado um dos fatores mais determinantes para sofrer de miopia. Além disso, as meninas demonstraram ser mais propensas a sofrer da doença do que os meninos.
Em um primeiro momento, os cientistas acreditaram que o uso de quadros-negros poderia ter tido um efeito protetor contra a miopia, mas esta associação foi derrubada quando outros fatores, como o histórico familiar ou as atividades ao ar livre foram consideradas.
- Continuamos procurando explicações plausíveis e acreditamos que os resultados de se o uso de quadros-negros ou livros influenciam na miopia devem continuar sendo analisados, e se outras variáveis também entram em jogo - disse o professor e líder da pesquisa, Nathan Congdon, do Centro Oftalmológico Zhongshan, da Universidade de Sun Yat-sen em Guangzhou, China.
- O importante é entender como os estudantes de menos renda evitaram sofrer de miopia para poder usar estas mesmas estratégias para prevenir mais casos de miopia infantil na Ásia e em todo o mundo - prosseguiu.
A miopia aumentou rapidamente em algumas regiões desenvolvidas do leste da Ásia, onde alcançou entre 80% e 90% da população. Estudos feitos na Ásia e na Dinamarca mostram que a miopia é menos comum em crianças que passam mais tempo expostos a intempéries e à luz natural.