Tirar uma foto para ajudá-lo a lembrar de algo pode acabar tendo o efeito contrário, revelou um estudo publicado nos Estados Unidos. Divulgada esta semana, a pesquisa mostrou que pessoas que tiram fotos de itens durante uma visita a um museu eram menos propensas a se lembrar de detalhes do que aquelas que apenas olharam para os objetos.
Essa é uma lição para um mundo cada vez mais acostumado a compartilhar fotos instantaneamente em redes sociais, diz a cientista especializada em Psicologia Linda Henkel, da Universidade Fairfield.
- As pessoas costumam pegar suas câmeras quase sem pensar para registrar um momento a ponto de perder o que está acontecendo bem na frente delas - prosseguiu Henkel, autora do estudo, publicado no periódico Psychological Science.
Henkel montou um experimento no museu da universidade, para onde estudantes foram levados em uma visita. No local, pediu-se que eles observassem certos objetos, fosse por fotografia, fosse olhando diretamente para eles.
No dia seguinte, sua memória dos objetos que viram foi testada, e os participantes da pesquisa se mostraram menos precisos no reconhecimento de itens que fotografaram, em comparação com aqueles que apenas observaram.
Um segundo grupo ofereceu uma variação sutil das descobertas: aqueles que tiraram fotos de um detalhe específico do objeto usando o zoom da câmera pareceram preservar a memória do objeto, não só da parte focada, mas também das partes fora de enquadramento.
- Esses resultados mostram que o "olho da mente" e o olho da câmera não são os mesmos - disse Henkel, acrescentando que a pesquisa sobre a memória indica que tirar fotos pode ajudar as pessoas a se lembrar somente se elas dedicarem algum tempo para observar e revisar.
- Para lembrar, temos de acessar e interagir com as fotos, em vez de simplesmente acumulá-las - concluiu a cientista.