Parte da paisagem urbana da Capital, o Arroio Dilúvio é lembrado com uma ponta de desgosto pelos porto-alegrenses. A poluição, o mau cheiro e o lixo depositado no riacho deixam a impressão de ser um habitat inóspito. Poucos sabem que nesse mesmo arroio são encontrados bichos em risco de extinção como jacarés e lontras.
- Pessoas nos ligam apavoradas porque tem uma tartaruga ou uma garça no Dilúvio. Elas não têm a noção de que o Dilúvio é um curso d'água natural, que tem uma nascente, no Parque Saint'Hilaire, em Viamão, e uma foz no Guaíba - esclarece a bióloga Soraya Ribeiro, coordenadora da Equipe de Conservação da fauna Silvestre da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Smam).
Conheça alguns dos bichos do Dilúvio:
Soraya salienta que o Arroio é um "corredor de biodiversidade de aves, que usam a vegetação do Dilúvio como descanso" durante os deslocamentos. Garça, socó, martim pescador, quero-quero e bem-te-vi são espécies comuns no riacho. Suas áreas mais conservadas, próximas à nascente em Viamão, abrigam 70 espécies de aves, segundo a ONG Mirassera - e 53 espécies vivem nas áreas onde a presença do homem é mais marcante, como ao longo da Avenida Ipiranga.
- O arroio é poluído, recebe carga orgânica farta, mas isso faz muitos organismos invertebrados, como larvas, se desenvolverem. E isso tudo é alimento para aves e répteis. Não é um ambiente em equilibrio, mas tem alimento - salienta.
Diversas espécies de cágados vivem nas águas do Dilúvio. Na época da desova, procuram regiões mais secas e firmes.
- Acontece de serem vistos atravessando a Ipiranga - relata Soraya.
A bióloga conta que, na nascente do arroio, foram vistos recentemente filhotes de lontra e de jacaré - espécies ameaçadas de extinção. Em 2008, um morcego branco foi morto na Capital. Era um morcego-pescador que, segundo Soraya, pode ter sido atraído pelos peixes do Dilúvio.
Confira alguns animais presentes no Dilúvio e a importância do riacho para essas espécies
Aves:
As aves utilizam o arroio como fonte de alimento e corredor para se deslocar entre a nascente, em Viamão, e a foz, no Guaíba. A ONG Mirassera identificou 70 espécies de aves nas áreas conservadas e 53 nas áreas mais antropizadas.
Pricipais espécies:
Martim Pescador: Ceryle torquata
Garça Moura : Ardea cocoi
Garça Branca: Casmerodius albus
Graça Branca Pequena: Egretta thula
Garça vaqueira: Bulbucus ibis
Socó: Butorides striatus
Andorinhas: Notiochelidon cyanoleuca
Maçaricos:Plegadis chihi
Anu Branco: Guira guira
Bem Te Vi: Pitangus sulphuratus
Maria Faceira: Syrigma sibilatrix
Mamiferos:
Morcego-pescador (Noctilio leporinus )
Lontra (Lontra longicudis), foi avistada na foz do arroio e consta como vulnerável no Livro Vermelho de Espécies Ameaçadas de Extinção do Rio Grande do Sul.
Peixes:
Devido a conexão com o Guaíba, o Dilúvio tem fauna expressiva com:
Lambaris: Astianax sp
cascudos: Hypostomus sp
jundia: Rhamdia sp
carás: Geophagus sp
> Com presença de espécies exóticas como Ciprinus sp, Tilapia rendali
Répteis:
Os cágados normalmente são vistos nadando no arroio, alimentamdo-se ou tomando sol nos taludes. Na primavera e verão podem deslocar-se até longas distâncias pra desovar.
Cagado de Barbicha: Phrinops hilarii
Tigre D'água: Trachemys dorbigni
Americana (exótica): Trachemys scrypta
Jacaré-do-papo-amarelo: Caiman latirostris (filhote avistado na foz do Arroio, em Viamão)
Fonte: Bióloga Soraya Ribeiro/Smam