Sucesso de audiência em vários países, o reality show O Aprendiz conquistou os telespectadores ao tentar reproduzir - em estúdio - o mundo dos negócios. As diversas tarefas impostas a executivos de diferentes áreas mostravam bem a competitividade e o estresse, tão comuns no ambiente corporativo. Mas a tensão mesmo ficava para o final de cada episódio, quando um dos candidatos era eliminado e ouvia o famoso "você está demitido!" De fato, perder o emprego não é fácil - nem em um estúdio de TV. Mas também não é uma tragédia. Pelo contrário, pode ser o início de uma guinada profissional.
Demissão: fim ou recomeço
Foi o que ocorreu com Luiz Krummenauer, 55 anos. Depois de ser desligado da empresa onde atuava, o administrador decidiu colocar em prática o sonho de abrir a própria consultoria.
- Eu já estava pensando em sair, mas mesmo assim é muito ruim ter de interromper projetos no meio. Hoje, eu vejo que a demissão foi um empurrão para levar adiante uma vontade antiga - conta o administrador.
No pacote de saída, a empresa em que Krummenauer trabalhava proporcionou um período de transição com consultoria especializada. Pelo menos uma vez por semana, ele se encontrava com um especialista para discutir os novos passos profissionais.
Infelizmente, a história do administrador é exceção. Mesmo que a demissão faça parte do jogo corporativo, é comum que profissionais dispensados duvidem do próprio potencial. Para a professora da Fundação Getulio Vargas Daniela do Lago, apesar de a demissão envolver questões financeiras e autoestima, não deve ser encarada como um bicho de sete cabeças.
-Somos profissionais de mercado e não de determinada organização. Se outra companhia lhe oferece o dobro do salário, mais benefícios e um cargo melhor, você pedirá as contas, e a empresa em que você atua não ficará magoada com você - explica.
A especialista afirma que tirar uns dias de folga antes de começar a procurar um novo trabalho pode ser útil, mas o indicado é começar a procurar o mais rápido possível.
Já o consultor de vida Gabriel Carneiro Costa ressalta que o sentimento de frustração após a demissão é inevitável, mas é importante entender que sentir a dor é diferente de aceitar a dor.
- Quando nos permitimos sentir a perda, então podemos começar a traçar um plano de mudança. Mais importante do que tentar ser otimista é responder à seguinte pergunta: o que eu posso fazer diante deste cenário? - afirma o orientador.
O tempo necessário para encontrar um novo trabalho pode depender justamente de encontrar essa resposta.
"O importante é buscar a satisfação pessoal"
Ser demitido é ruim, mas trabalhar em algo de que não se gosta também não é bom. Com a ajuda do mercado - que anda aquecido -, cresce o número de pessoas sem medo de pedir demissão e buscar novas possibilidades. Foi a opção da publicitária Larissa Collaço (foto), 31 anos. Depois de alguns anos trabalhando em uma agência de comunicação, Larissa decidiu que era hora de trilhar um novo caminho profissional. Pediu as contas mesmo sem ter um novo emprego em vista.
- Claro que o aspecto financeiro pesa. Mas o importante é buscar a satisfação pessoal e ter coragem para mudar - conta.
Após um tempo trabalhando como autônoma, a publicitária abriu - junto com uma sócia - uma loja no centro da Capital. A transição não foi fácil, principalmente, porque os desafios que envolve ser chefe de si mesmo são grandes, diz ela.
E agora?
Encarar este momento não é fácil. Mas é preciso fugir da vitimização. Confira algumas dicas:
> Para não ficar à mercê da imaginação, não guarde dúvidas. No momento da demissão, pergunte por que está sendo mandado embora. É seu direito saber o motivo, para ter consciência exata do que levou seus superiores a abrirem mão dos seus serviços. Muitas vezes, o motivo do desligamento não está relacionado ao desempenho em si, mas com as condições do mercado.
> Momento de reflexão: se o motivo da demissão for baixo desempenho, procure aprender com os erros e se aperfeiçoar. Evite culpar os outros.
> Não fique remoendo a demissão: ficar se questionando o porquê de não ter agido de outra forma ou ficar lamentando não mudará a realidade.
> Não crie tumulto ou inimizades na hora da rescisão. É sempre importante manter sua rede de contatos profissionais saudável.
> Não duvide de seu talento. Não é porque o seu trabalho não foi reconhecido em determinada empresa que isso acontecerá em outra. Não duvide de sua capacidade de ser útil em uma organização.
> Controle os gastos. Evite desperdiçar sua reserva financeira em atividades que, muitas vezes, não são necessárias. Faça o possível para saber se não sentirá a ausência do dinheiro mais tarde. O momento é de economia.
Fonte: Daniela do Lago/Rose Russowski
Mãos à obra
Independentemente de se você pediu demissão ou foi demitido, não adianta ficar sentado no sofá esperando um novo trabalho bater na porta. Confira dicas:
> Atualize seu currículo.
> Não saia enviando currículos para todos os seus contatos.
> Em vez disso, pesquise o mercado e escolha algumas empresas em que gostaria de trabalhar.
> Depois de definidos os alvos, procure - entre seus contatos - pessoas que possam facilitar o acesso aos gestores da empresa.
> Talvez você não conheça diretamente ninguém que atue na empresa desejada, mas certamente conhece alguém, que conhece alguém trabalhando lá. Mesmo em uma cidade grande, os círculos profissionais costumam se cruzar. Às vezes, pessoas que nem imaginamos têm contatos em comum.
> Depois de encontrar a pessoa que servirá de "ponte" entre você e a empresa, ligue ou escreva um e-mail perguntando sobre a vaga. Isso demonstra interesse e torna o vínculo mais forte. A vontade de ajudar será maior se você simplesmente disser que está procurando emprego e pedir sugestões de vagas.
> Se o contato se mostrar receptivo, peça para ser indicado para a vaga. Se não for próximo, peça para citar o nome dele quando for contatar a empresa. Um nome "conhecido" pela chefia pode ajudar a dar credibilidade a sua candidatura.
> Cadastros em sites de empregos também ajuda.