A escolha da reitoria que comandará a Universidade Federal de Pelotas (UFPel) de 2025 a 2028 segue sem data para ocorrer. O processo foi prejudicado devido à enchente de maio e por uma greve de servidores que terminou em julho depois de três meses de paralisação.
Isso atrapalhou o planejamento de realizar o pleito no primeiro semestre. Outro empecilho está relacionado à participação dos alunos no processo. A UFPel conta, atualmente, com 20,7 mil estudantes.
A universidade adota um modelo tripartite, no qual as entidades representativas das categorias de estudantes, técnico-administrativos e professores organizam o pleito (chamado consulta informal). Elas têm paridade no voto, ou seja, cada ente tem um terço de peso na escolha.
— O edital foi aprovado sem participação estudantil; as chapas faziam campanha sem que estivéssemos dentro do processo. A comissão eleitoral só é legítima com as três categorias e nós não estávamos nela — resume Juliano Oliveira da Silva, presidente do Conselho de Centros e Diretórios Acadêmicos, entidade representante dos estudantes.
Segundo ele, a categoria tinha quatro reivindicações para participar do processo, que versavam sobre o período mínimo de campanha, participação de alunos do Ensino a Distância (EAD), elaboração de uma metodologia de votação para superar a presença estudantil do pleito anterior e votação online para os alunos.
Na última quinta-feira (1º), em uma reunião entre comissão e junta eleitoral e as três chapas concorrentes, as demandas dos estudantes foram aceitas, o que deve agilizar a eleição.
Conforme Isabela Andrade, atual reitora da UFPel, a universidade aguarda a formação da junta com as três entidades representativas para ocorrer o andamento do processo. Por isso, ainda não existe uma data para a votação ser realizada.
— Por parte da gestão, posso afirmar que temos o compromisso com o processo de consulta envolvendo toda a nossa comunidade acadêmica — pontua a professora, no cargo desde 2021.
Pelo modelo da universidade, as chapas se apresentam à comunidade com uma lista tríplice, encabeçada pelo(a) candidato(a) à reitoria e mais dois nomes do grupo político.
Um acordo entre os concorrentes determina que apenas quem vencer a consulta informal se inscreva na eleição do Conselho Universitário (Consun), o órgão responsável pela indicação ao Ministério da Educação (MEC).
A nomeação da nova reitoria pela pasta deverá ocorrer até novembro; a atual gestão termina em janeiro de 2025.
O que dizem as chapas
UFPel Multi (Situação)
Candidatos: Ursula da Silva (reitora) e Eraldo Pinheiro (vice-reitor)
Levando em consideração o cenário e demais posições adotadas, reafirmamos explicitamente a nossa posição de total concordância com as condições dos estudantes para entrar efetivamente na COE (Comissão de Organização Eleitoral) e Junta Eleitoral do processo que está em curso. Entendemos que já significa uma imensa concessão dos estudantes e das estudantes não reivindicarem o voto universal, pauta histórica da categoria, ou mesmo considerar entrar posteriormente neste processo após o edital ter sido rejeitado pela categoria estudantil e ainda assim mantido pelas demais.
Consideramos que a reivindicação de urna online para a categoria estudantil é, além de perfeitamente razoável, legítima de ser tomada pelos estudantes e pelas estudantes componentes do CEB (Conselho das Entidades de Base) que são quem atualmente tem cumprido o papel de representar a maior categoria desta universidade. Esta instância deve ser respeitada e não ignorada. Concordamos e solicitamos publicamente à COE/Junta Eleitoral que seja formalmente disponibilizada a urna online para toda a categoria estudantil.
Apesar da nossa posição sobre a ausência de estudantes ser nítida e reafirmada antes mesmo do início do processo, aproveitamos o espaço para reafirmar nosso posicionamento: estamos ao lado dos estudantes e consideramos que o processo deve ser formalmente adequado para garantir a presença da categoria e sua ampla e irrestrita participação, conforme demanda a representação estudantil. Apenas esta medida é capaz de encerrar o impasse e efetivamente incluir a maior categoria da universidade na organização da consulta à comunidade, que é o único espaço democrático aceitável para a escolha da próxima administração da UFPel.
Raízes UFPel
Candidatos: Gilson Porciúncula (reitor) e Marina Mota (vice-reitora)
Nós, do Movimento de Resistência UFPreta, tripartite em sua constituição e origem, representando estudantes, docentes, técnicos administrativos em educação, desta universidade, avaliamos o presente contexto e não visualizamos a possibilidade de uma eleição para a Reitoria sem a participação dos estudantes, pois justamente se o movimento é Tripartite, a presença dos estudantes é de extrema relevância. Logo, em concordância com a Chapa Raízes UFPel - Chapa 30, deliberamos que a mesma se mantenha ao lado dos estudantes, em defesa de uma votação plena, com a participação massiva da categoria.
Compreendemos o contexto político que nos cerca, com dificuldades para a realização de acordos entre as entidades ASUFPEL (Sindicato de Servidores Federais em Educação de Pelotas e Capão), ADUFPEL (Associação dos Docentes da Universidade Federal de Pelotas) e CEB (Conselho das Entidades de Base). No entanto, nossas lutas pelos caminhos dos movimentos sociais nos conduzem a apoiar, neste momento, a proposta dos estudantes, de votação online para todo este segmento. Reafirmamos nosso compromisso com a democracia e esperamos que logo o processo eleitoral ocorra com a participação efetiva de toda a comunidade.
Frente Ampla
Candidatos: Julieta Fripp (reitora) e Fábio Vergara (vice-reitor)
No final do mês de abril, ocorreram as inscrições das chapas. As três chapas desde então têm feito campanha. A Frente Ampla tem dialogado com todos os segmentos da UFPel. Tem conversado diariamente, por toda a universidade, com estudantes, da imensa maioria dos cursos.
As últimas reuniões, entre as chapas e as representações dos três segmentos no processo eleitoral, definiram o método para votação dos estudantes, atendendo a reivindicação destes, assim possibilitando que os discentes possam votar em modo presencial ou online. Um aspecto muito positivo é que assim se contemplou a participação plena de todos os estudantes, como sempre defendeu publicamente a Frente Ampla. Em especial, destaca-se a viabilização do voto dos Estudantes em EAD, aproximadamente 3 mil, o que foi sempre uma grande preocupação da nossa Chapa, para que assim todos os estudantes, não importa se presenciais ou a distância, tenham plenas condições de participar do processo de escolha da próxima gestão da UFPel.
A Frente Ampla enaltece a condução deste processo pelas entidades e aguarda ansiosamente o calendário eleitoral. A nossa campanha tem sido propositiva, apontando soluções para os problemas da universidade, com grande participação de todos os segmentos. Temos notado o crescente engajamento e motivação de estudantes, docentes e técnicos para participar dos debates, depositar seu voto e produzir as mudanças que a UFPel precisa.