Em uma eleição permeada por discussões sobre o cálculo a ser utilizado para definir os candidatos vitoriosos, venceu, entre os membros do Conselho Universitário (Consun) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o entendimento de que os votos de alunos, professores e técnicos-administrativos têm o mesmo peso. Com isso, com 44 votos de um total de 75, Marcia Barbosa, da chapa 3, venceu o pleito.
Em segundo lugar ficou a candidata Ilma Brum, da chapa 2, com 26 votos. Por último, se posicionou a candidata Liliane Giordani, da chapa 1, com um voto.
— Foi um processo muito bonito. É a primeira vez que a UFRGS está fazendo esse processo por via paritária, que é um momento de coragem para a universidade. Também temos que ter coragem para referendar a paridade. A justiça pode mandar na consulta, mas não pode mandar na nossa decisão — afirmou Márcia na manhã desta sexta.
A escolha dos conselheiros ainda precisa passar por análise do Ministério da Educação, que tem o poder de nomear como reitora qualquer um dos três nomes da lista tríplice. Via de regra, contudo, a pasta costuma validar a decisão da instituição de ensino.
Se a vitória for confirmada pelo governo federal, a reitora a assumir no dia 21 de setembro será Marcia Barbosa, ao lado de seu vice-reitor, Pedro Costa.
Marcia foi diretora do Instituto de Física por dois mandatos e, até dois meses atrás, era secretária de Políticas e Programas Estratégicos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação do governo Lula. Pedro é professor da Escola de Administração, onde ministra disciplinas sobre Administração de Organizações da Sociedade Civil e Administração Pública Social, Estado, Terceiro Setor e Organizações não governamentais.
Discussão sobre paridade
Em todas as eleições para a reitoria realizadas pela instituição até agora, os votos dos professores tinham peso de 70%, contra 15% os dos estudantes e 15% os dos técnicos-administrativos. Neste ano, a previsão inicial era de que as escolhas dos três segmentos tivessem o mesmo peso na consulta à comunidade – a chamada “consulta paritária”. Nesse novo critério, a chapa 3 teria vencido a consulta. Apesar de essa mudança ter sido aprovada pelo Conselho Universitário (Consun), uma decisão judicial determinou que se retornasse ao cálculo antigo. Por esse motivo, sem a paridade, a chapa 2 venceria.
— Para nós, é um momento histórico o dia de hoje, em que se reafirma esse processo no qual os três seguimentos universitários têm o mesmo peso de voto, o mesmo reconhecimento da sua voz e do seu direito de participação democrática, e assim nós vamos seguir. Esperamos que a nova reitoria já se comprometa de imediato a um congresso estatuinte, para que possamos fazer a alteração regimental e garantir que a paridade se firme na UFRGS — diz a professora Liliane Giordani, da chapa 1.