Com cerca de 50 mil pessoas formando a sua comunidade, a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) vive o Dia D da eleição da nova gestão da reitoria nesta sexta-feira (19): a realização do pleito oficial, que acontece entre os 77 membros do Conselho Universitário (Consun), órgão máximo deliberativo da instituição. A disputa ocorre em meio a uma divergência em relação a quem ganhou a consulta à comunidade, primeira etapa da votação.
A reunião do Consun tem início marcado para as 8h30min e ocorre no prédio da reitoria, no Centro de Porto Alegre. Também haverá transmissão online neste link. Em portaria, o atual reitor, Carlos André Bulhões, determinou que a sessão não terá expediente, o que significa que não poderá haver inscrição de fala de conselheiros, e que a eleição será secreta. O documento estabelece, ainda, que só poderão concorrer as chapas que participaram da consulta à comunidade: as chapas 1, 2 e 3.
Antes da votação, os candidatos poderão defender suas propostas. No total, estão previstas nove falas, cada uma com três minutos de duração. Após a escolha nas cédulas, a expectativa é de que os membros do Consun que quiserem possam se inscrever para fazer declarações de voto, nas quais tornam pública a sua decisão e a justificam. Por esse motivo, não há horário para o término da reunião, mas há uma preocupação de concluí-la a tempo de encaminhar o resultado ainda na sexta para o Ministério da Educação (MEC), já que, legalmente, a universidade tem até o dia 20 de julho para enviar à pasta a lista tríplice.
Na consulta à comunidade realizada na segunda-feira (15), todos os alunos, professores e técnicos-administrativos puderam votar. Depois disso, a regra oficial era de que o peso do voto dos docentes valia mais: 70%, contra 30% dos outros dois segmentos somados, e, dessa forma, quem ganhou foi a chapa 2. Entretanto, como uma resolução aprovada pelo Consun no ano passado previa que o cálculo adotado fosse paritário – ou seja, dando o mesmo peso para os votos de cada categoria –, entidades também apresentaram aos conselheiros um resultado utilizando essa conta, que daria a vitória à chapa 3.
Na eleição do Consun, a regra é outra: só votam os membros eleitos e não há distinção de peso para cada segmento. Por lei, o órgão é composto por, pelo menos, 70% de professores, e os 30% restantes são divididos entre alunos, técnicos-administrativos e comunidade externa.
Projeção do resultado
Ainda que o pleito realizado no Conselho Universitário não tenha seu resultado oficialmente vinculado à decisão prévia da consulta à comunidade, tradicionalmente, os conselheiros acatam a vontade expressada nessa consulta e elegem, como primeiro lugar da lista tríplice, o nome vitorioso junto à comunidade. Desta vez, como a compreensão sobre quem venceu é nebulosa, a votação dos membros do Consun também é incerta.
Procurados, conselheiros disseram à reportagem de Zero Hora que as chapas têm feito um mapeamento dos possíveis votos de cada membro. Entre representantes discentes e de técnicos-administrativos, a expectativa é de escolha pela chapa 3, visto que, na consulta à comunidade, foi ela a vencedora entre os estudantes, e a candidatura está sendo apoiada pela chapa 1, que ganhou entre os técnicos. Já os docentes deram vitória à chapa 2 na consulta.
A dúvida maior é sobre como votarão os 29 diretores de unidades acadêmicas, muitos dos quais apoiaram a chapa 2 antes, mas chegam ao Consun representando as suas comunidades. Desde terça-feira (16), alguns conselhos de unidades têm se reunido para definir as suas escolhas.
Como o voto é secreto e há incerteza sobre como parte dos conselheiros votará, o resultado da eleição está aberto. O impasse aumenta a pressão: nas redes sociais das chapas, acusações têm subido o tom desde a noite de segunda-feira. Nesta sexta, uma vigília em frente ao local da eleição está marcada por entidades que defendem a paridade.
Nesta quinta, a reitoria publicou determinação de que as atividades realizadas nos prédios da reitoria e arredores sejam feitas de forma remota neste dia 19. A razão, segundo o texto do decreto é "evitar o acirramento dos ânimos exteriorizados pelas redes sociais, manifestações de apreço e desapreço aos membros do Consun, para preservar o patrimônio público e integridade física das pessoas".