No Rio Grande do Sul, o ingresso de estudantes nas graduações no modelo de Ensino a Distância (EAD) aumentou 34,4% em 2022, segundo o Censo da Educação Superior, do Ministério da Educação (MEC). Foram 97,8 mil estudantes, ante a marca de 72,4 mil em 2021. Nos cursos presenciais, o ingresso ficou em 30,2 mil alunos.
Em nível nacional, o crescimento também é considerável, mas ainda fica abaixo do verificado no Estado. Se em 2021 o ingresso foi de 2,4 milhões de estudantes, no ano seguinte o índice saltou 25%, alcançando os 3,1 milhões. O levantamento é conduzido pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e inclui instituições privadas e públicas.
— A grande verdade na educação é a qualidade. O mercado não quer mais saber qual é a sua metodologia de formação, mas o que você sabe fazer — defende o diretor de EAD da Aelbra (mantenedora da Ulbra em todo o Brasil), Carlos Lenuzza.
Segundo ele, instituições que abrem mão de investir em qualidade lançam profissionais menos preparados ao mercado. Consequentemente, veem a procura por seus cursos diminuir.
Atrativos
A mudança de comportamento no auge da pandemia é o motivo que mais se destaca ao tentar explicar esse fenômeno, mas está longe de ser o único. Comodidade, tempo, trânsito, autonomia e custo são alguns dos ingredientes que completam essa receita.
— Como temos essa flexibilidade de poder estudar de qualquer lugar, as universidades chegam a mais pessoas, já que fisicamente estão em ambientes que não estão acessíveis a toda a população — analisa a gerente acadêmica responsável pelos cursos EAD da Unisinos, Rosemary Francisco.
Além de alcançar um raio muito maior, o EAD supera também o entrave econômico. Com mais capilaridade e menor demanda de infraestrutura, os cursos chegam com mensalidades mais em conta. A empresa de consultoria Hoper Educação fez um levantamento sobre o valor das mensalidades de cursos de graduação a distância em 2023. Metade dos cursos ficou entre R$ 49 e R$ 233,90, enquanto os demais partiram desse valor e chegaram a R$ 580. Enquanto isso, a média da modalidade presencial é de R$ 750.
Embora o MEC diferencie os cursos apenas entre presencial e a distância, a modalidade EAD tem subdivisões. Aqueles que são 100% online têm média de
R$ 199, segundo o levantamento. Os semipresenciais, que exigem visitas ao polo e costumam englobar áreas da saúde e engenharias, apresentam média de R$ 389. Já os cursos ao vivo, com aulas síncronas, têm média de R$ 419.
O aumento da procura também se deve ao aprimoramento das ferramentas de ensino e de aprendizagem. De um lado estão algoritmos e inteligências artificiais que ajudam os professores a aplicar o conteúdo e a monitorar o desenvolvimento dos alunos de forma individualizada, o que humanamente seria impossível. Já por parte dos estudantes, as novas aplicações tornam os conteúdos mais atrativos, interativos e eficientes.
— Hoje, o aluno do EAD tem de ser disciplinado. Mas como começar? Quem ajuda a adquirir essa habilidade? Sim, os professores podem ajudar, mas são muitos alunos. A independência é boa, mas exige disciplina. Entre as tendências estão big data, inteligência artificial, realidades aumentada e virtual e até mesmo a mista, que oferecem uma prática mais próxima de um campus, mas no ambiente digital — detalha Rosemary.
O EAD pode ser a solução para gargalos como o de professores na Educação Básica, com um apagão previsto para o ano de 2040, de acordo com o Instituto Semesp (centro de inteligência analítica criado pelo Semesp, entidade que representa mantenedoras de ensino superior do Brasil). Isso porque os cursos de licenciatura, com base teórica, se adaptam bem ao modelo a distância. Paulatinamente, os que exigem horas de prática também se adaptam, com ou sem tecnologia. Daí a importância de se informar muito bem antes de decidir qual curso ou instituição frequentar (confira dicas no quadro abaixo).
Escolha o curso que vai fazer a diferença
Confira dicas dos especialistas que vão ajudar a escolher uma graduação de qualidade, dando segurança para ingressar ou crescer no mercado de trabalho:
A instituição
Não se guie apenas pelo curso. Escolha uma faculdade ou uma universidade com reconhecimento do Ministério da Educação (MEC), que avalia as instituições seguindo uma série de critérios. As notas ficam disponíveis no site emec.mec.gov.br/emec/nova.
O perfil do curso
O EAD se desenvolveu a ponto de contar com uma série de versões. Algumas têm aulas ao vivo obrigatórias, exigindo disponibilidade do aluno em determinado horário. Outras deixam o material disponível. A rotina de entrega de avaliações também pode variar bastante. Procure a que melhor se encaixa em sua rotina.
As avaliações
Outra mudança de acordo com a instituição ou o curso é a avaliação. Algumas optam por fazer presencialmente, outras não. E há, ainda, as que adotam modelo híbrido – com uma avaliação presencial ao fim de cada semestre ou apenas em determinada disciplina, por exemplo.
Os professores
A avaliação do MEC faz uma análise minuciosa do corpo docente, mas é sempre bom analisar se estão de acordo com a expectativa do aluno. Alguns buscam professores mais ligados ao mercado, outros à pesquisa. O perfil do quadro pode ser determinante na hora da escolha.
Os alunos
Conversar com estudantes e ex-alunos do curso na instituição pretendida é uma boa forma de descobrir os prós e contras. Nada melhor do que quem está passando ou já passou por aquela experiência para dar um relato fidedigno.
O suporte
Analise e questione os alunos e a instituição sobre o suporte dado aos estudantes. Como os estudos são feitos de forma independente, é fundamental que haja um apoio didático quando surgirem dúvidas – que podem ser em relação ao conteúdo ou mesmo sobre a plataforma utilizada pela instituição, para recebimento e envio de conteúdos e avaliações.
Fonte: Carlos Lenuzza, diretor de EAD da Aelbra, e Rosemary Francisco, responsável pelos cursos EAD da Unisinos