As escolas privadas do Rio Grande do Sul terão um reajuste médio de 8,4% na mensalidade em 2025, de acordo com levantamento do Sindicato do Ensino Privado do RS (Sinepe/RS). O aumento é superior à inflação oficial do país – o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), acumulada em 4,47% nos últimos 12 meses.
A oscilação acompanha o aumento dos custos das instituições, que está projetado em 8,5%, segundo o Sinepe. Presidente da entidade, Oswaldo Dalpiaz explica que o valor da anuidade de uma escola leva em consideração a planilha de custos, fundamentada em cinco eixos:
- folha de pagamento
- manutenção da infraestrutura física
- custos operacionais
- investimentos na operação
- provisão e reserva financeira
A partir disso, e observando a inflação e a situação socioeconômica das famílias, a escola estabelece seu percentual de reajuste. Ele varia, portanto, de acordo com a realidade e o contexto de cada instituição de ensino. O cenário atual também é influenciado pelos desafios trazidos pela enchente de maio, que afetou muitas escolas, lembra o presidente do Sinepe/RS.
Dalpiaz lembra que a porcentagem é uma média – algumas escolas terão reajuste abaixo de 7%, e outras, acima de 9%. Se a escola fez investimentos como aquisição de laboratório ou ampliação de prédio, por exemplo, pode ter reajuste maior. A decisão se baseia em trabalho técnico, salienta.
Cada escola tem a sua estrutura e, a partir dela, calcula o reajuste.
OSWALDO DALPIAZ
Presidente do Sinepe/RS
A pesquisa realizada em outubro contou com a participação de 106 escolas associadas (cerca de um terço do total), de todas as regiões do Estado. Destas, 67,9% esperam manter ou aumentar (embora em percentual pequeno) o número de matrículas – a média por instituição foi de aproximadamente 890 matrículas em 2024, e a estimativa para 2025 é de que se aproxime de 916.
Conforme o estudo, os custos que mais impactam no orçamento das escolas são com pessoal, infraestrutura física, investimento em tecnologia e contas como água e luz. Há um alto investimento para a adaptação das escolas às novas tecnologias e aos novos formatos de ensino.
A principal indicação das escolas é de que o custo da folha de pagamento tem aumentado, em razão da contratação de pessoal para atendimento das necessidades das escolas. Duas têm se mostrado urgentes e pesado na folha: demandas de tecnologia e, principalmente, de educação inclusiva.
— Para que seja feito um bom atendimento, de qualidade, precisamos de pessoas qualificadas, então além de aumentar o número de pessoas, as escolas hoje têm de investir muito na qualificação do atendimento. É uma necessidade bonita, mas tem seu custo — aponta Dalpiaz.
Enchente
Nas regiões afetadas pela enchente, há custos de manutenção e recuperação das escolas e da infraestrutura. As escolas de ensino privado que mais sofreram o impacto da enchente estão localizadas em Roca Sales, Muçum, Lajeado, Arroio do Meio, Porto Alegre, Canoas e Rio Grande.
— Claro que a recuperação, o custo, não vai ser feito em um ano, isso vai significar alguns anos, mas é um custo que a escola tem de fazer, porque para deixar a escola em dia, há um investimento financeiro muito grande.
Negociação
Havendo dificuldades em relação ao custo da mensalidade, Dalpiaz recomenda conversar com a direção da escola:
— O diálogo deve estar presente nas direções. Isso sempre acontece, há sempre possibilidades de negociações, mas a escola tem de olhar a sua sustentabilidade e dar continuidade ao seu negócio, que é a educação.
Se o consumidor se sentir lesado, pode procurar o Procon, mesmo que não haja infração. Nesses casos, o órgão fará contato com a instituição e solicitará informações sobre o aumento no valor, para fazer uma conciliação, se necessário.