Milhares de alunos retornam às atividades na Capital nesta segunda-feira (10), após semanas afastados das escolas por conta da enchente no Rio Grande do Sul. Ao menos 13 instituições em Porto Alegre retomam o calendário letivo nesta segunda, muitas delas em formato remoto, por terem sido prejudicadas ou danificadas pela água.
Das 12 escolas da rede estadual que reabriram, o Colégio Estadual Júlio de Castilhos foi o único que retornou de forma presencial. Carinhosamente chamada de “Julinho”, a instituição de ensino serviu como abrigo para cerca de 140 pessoas, que passaram pelo local entre os dias 6 de maio e 3 junho. Os estudantes estavam afastados desde o dia 2 de maio, em razão da suspensão das aulas pelo governo do Estado.
Na manhã desta segunda, a chegada de centenas de alunos trouxe vida à instituição histórica de Porto Alegre. Segundo as coordenadoras do colégio, que receberam os alunos calorosamente, eles estavam ansiosos pelo retorno.
— Eles estavam com muita expectativa, há tempos estavam mandando mensagens para a gente perguntando do retorno, querendo voltar logo. Ficamos admiradas com a quantidade de estudantes retornando, vieram muitos — conta a vice-diretora do Julinho, Martina Athayde. Atualmente, estão matriculados 1.060 alunos no colégio.
Segundo a diretora, Fernanda Gaieski, além de uma recepção, será realizada uma roda de conversa com psicólogos do Centro de Saúde Modelo, para dialogar sobre questões socioemocionais relacionadas à enchente e auxiliar estudantes que sofreram perdas. Nos próximos dias, as turmas do Julinho também vão passar por duas semanas de reforço de estudos, para serem retomados os principais conceitos necessários para dar continuidade ao processo de aprendizagem, por conta do período que ficaram afastados.
Outras 11 escolas da rede estadual voltaram às atividades remotamente: Colégio Estadual Cândido José de Godoi, Colégio Estadual Protásio Alves, Escola Estadual de Educação Básica Presidente Roosevelt, Escola Estadual de Ensino Fundamental Alvarenga Peixoto, Escola Estadual de Ensino Fundamental Araújo Porto Alegre, Escola Estadual de Ensino Fundamental Aurélio Reis, Escola Estadual de Ensino Fundamental Mané Garrincha CIEP Esportivo, Escola Estadual de Ensino Fundamental Maria José Mabilde, Escola Estadual de Ensino Fundamental Oscar Schmitt, Escola Estadual de Ensino Fundamental Alvarenga Peixoto, Escola Estadual de Ensino Médio Professor Alcides Cunha e Escola Técnica Estadual Parobé.
Também retornou nesta segunda a Escola Municipal de Ensino Infantil (Emei) JP Pica-Pau Amarelo, localizada no Centro Histórico. Conforme a Secretaria Municipal de Educação (Smed), 15 instituições da rede municipal da Capital seguem sem previsão de retorno: 14 estão alagadas e uma está servindo de abrigo para as pessoas ainda desalojadas.
No total, 84 escolas da rede municipal, 190 conveniadas e 222 instituições estaduais já voltaram às aulas. Segundo o mapa do retorno, lançado na semana passada pelo governo do RS, 12 escolas estaduais de Porto Alegre estão sem previsão de retorno. Até a última sexta-feira (7), constavam sete escolas nessa situação.
Reconstrução e retorno gradual no Estado
Conforme a secretária da Educação do RS, Raquel Teixeira, afirmou em entrevista à Rádio Gaúcha na manhã desta segunda, 22 escolas estaduais terão de ser reconstruídas do zero. Ela destaca a preocupação com a situação das instituições na região das ilhas.
— Temos quatro escolas atingidas nas ilhas, duas de Ensino Fundamental e duas de Ensino Médio, que atendem cerca de 1,2 mil alunos, no total. Estamos procurando espaço firme e fixo de terra pra construir escolas de campanha, até decidirmos o que vai acontecer. Provavelmente teremos em torno de oito escolas de campanha necessárias, até que tenhamos as escolas definitivas — disse a secretária no programa Timeline.
Ela acrescentou que, além destas 22 da rede que terão de ser reconstruídas, outras 11 ainda estão servindo de abrigo. Ou seja, no total, 33 instituições de ensino no Estado seguem sem operar. De acordo com a secretária, a expectativa é que as pessoas abrigadas nestas 11 escolas sejam encaminhadas para suas residências ou outros locais até o final desta semana, para que os locais possam voltar a operar. Raquel ainda explicou como está funcionando o atendimento nas instituições de ensino, que estão retomando as atividades de forma gradual.
São quatro modalidades: 100% presencial, remoto, híbrido e um novo modelo, de revezamento. Trata-se de alternativa adotada por escolas que foram atingidas parcialmente – algumas foram danificadas só no pavimento térreo, por exemplo. Nestes casos, as turmas estão sendo revezadas no formato presencial, para que os alunos tenham a oportunidade de retornar ao espaço físico da escola pelo menos um dia da semana.