Passado o momento da emergência, em que os verbos mais usados eram salvar e ajudar, estamos em uma nova fase do jogo, sem ignorar que as etapas anteriores ainda não foram 100% vencidas. Salvar exige vigilância atenta para as questões de saúde pública e garantia de alimentação para as famílias que tudo perderam. Ajudar será importante na etapa em que estamos entrando agora, em que as palavras-chave serão resistir, recomeçar e reconstruir. Só haverá futuro para o Rio Grande do Sul ser a educação estiver no foco do processo de reconstrução.
Aos poucos, as crianças e adolescentes estão voltando às aulas, com um calendário escolar adaptado à situação de cada bairro ou município afetado. Além de trabalhar na reconstrução das escolas, para estimular o recomeço, a Secretaria de Educação lança hoje a campanha Mochila Cheia. Como o nome sugere, é uma campanha de doação de material escolar, com meta de atingir 100 mil kits para todas as crianças de regiões atingidas e não somente aquelas que perderam a casa com tudo o que havia dentro.
O local escolhido para receber as doações em Porto Alegre na largada da campanha é um símbolo de resistência e de reinvenção: a Escola Estadual Maria Thereza da Silveira (Rua Furriel Luiz Antônio Vargas 135, bairro Bela Vista), que esteve ameaçada de extinção e renascerá como Escola de Arte e Cultura, em parceria com a Unisinos. Como o prédio ainda está vazio, foi preparado nos últimos dias para o recebimento de doações e montagem dos kits que serão entregues às crianças de acordo com a idade e a série.
O Estado já vinha recebendo doações esporádicas, mas a secretária Raquel Teixeira optou por organizar uma campanha estruturada e delegou ao diretor-geral André Domingues a tarefa de colocar o projeto em pé.
Domingues pediu ajuda a um grupo de professores de Santa Maria para criar um aplicativo que permitirá a gestão das doações de material de kits escolares. O aplicativo criado pelo professor Enio Giotto será uma espécie de “Tinder” do material escolar, conectando na mesma ferramenta as doações e as escolas que precisam desses produtos essenciais ao desenvolvimento dos alunos.
Raquel também está empenhada na recomposição das 138 bibliotecas dizimadas pela enchente. Em seu site, a Seduc organizou a lista com 48.662 títulos de literatura brasileira e universal e uma aba destinada aos autores gaúchos. A secretária lembra que doação não é descarte e pede livros em bom estado, seguindo a lista que estará disponível no site educacao.rs.gov.br.
O que doar
- Mochilas
- Cadernos
- Calculadora
- Canetas azul/preta e vermelha
- Caixas de grafite
- Lapiseiras
- Réguas
- Lápis de cor - Kit
- Caneta hidrocor - Kit
- Lápis preto
- Apontadores
- Estojos
- Squeezes
- Livros de literatura
Aliás
Em um projeto de médio prazo, a Secretaria da Educação vai trabalhar com o conceito de escola resiliente. As crianças terão educação emocional e climática, para entender o fenômeno que afetou de forma tão drástica a vida em diferentes cidades do Rio Grande do Sul e saber o que podem fazer para salvar o planeta.