A China começou a proibir, nesta segunda-feira (30), testes escritos para crianças de 6 e 7 anos, como parte de uma ampla reforma de seu sistema educacional para aliviar a pressão sobre alunos e pais em sua escolas altamente competitivas.
Até então, o sistema educacional chinês exigia que os alunos fizessem testes a partir do 1º ano do Ensino Fundamental, culminando no temido vestibular, conhecido como "gaokao". Nele, uma única pontuação pode determinar a trajetória da vida de um estudante.
"Os exames muito frequentes (...) que deixam os alunos saturados e sob enorme pressão" foram abolidos pelo Ministério da Educação, de acordo com as novas diretrizes divulgadas nesta segunda-feira.
O Ministério disse que a pressão sobre os alunos desde cedo "prejudica sua saúde mental e física". Os regulamentos também limitam os exames em outros anos da escolaridade obrigatória a um por período. Testes de meio período e simulados são permitidos apenas no Ensino Médio.
No final de julho, a China ordenou que as empresas privadas de ensino se tornassem entidades sem fins lucrativos e proibiu este tipo de ensino nos finais de semana e feriados, um golpe para as finanças do setor.
O objetivo é reduzir a desigualdade educacional na China, onde algumas famílias de classe média pagam 100 mil iuanes (US$ 15.400) ou mais por ano em aulas particulares para que seus filhos possam ingressar nas melhores escolas.
– Não há outro país com uma cultura de aulas particulares tão forte como a China – diz Claudia Wang, diretora de educação para a Ásia da consultoria Oliver Wyman, sediada em Xangai.
Além disso, as autoridades chinesas anunciaram na semana passada que os professores terão de mudar de escola a cada seis anos para evitar a concentração dos melhores professores em determinados centros.
Este ano, o Ministério da Educação também proibiu tarefas escritas para alunos de primeira e segunda séries e estabeleceu um limite de uma hora e meia de dever de casa para alunos do ensino médio.
Muitas famílias chinesas veem a educação como uma forma de progredir socialmente.
O vestibular é uma das poucas possibilidades para os estudantes pobres da zona rural terem acesso a melhores opções de educação e perspectivas de emprego.