Cerca de dois meses após a liberação da volta às aulas presenciais, escolas de Porto Alegre já receberam 27 mil estudantes, segundo boletim da prefeitura divulgado nesta terça-feira (1º). Para receber o público, voltaram a atuar presencialmente 4,9 mil professores e 4,2 mil funcionários. Na semana de 15 a 21 de novembro, período da análise, a prefeitura registrou, após investigação própria com exames aplicados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), 78 infecções por coronavírus, sendo 36 professores, 28 funcionários e 14 alunos.
A presença de 27 mil alunos é quase o triplo do registrado no início de novembro e 2 mil alunos a mais do que na semana anterior, mas pouco frente aos 400 mil estudantes de instituições públicas e particulares que a Secretaria Municipal de Educação (Smed) estima que estejam matriculados na cidade. Mais da metade das crianças que retornaram são da Educação Infantil.
As informações foram fornecidas voluntariamente por escolas – o maior retorno é nas privadas, com 198 instituições, e das comunitárias, com 158. Apenas duas estaduais e 56 municipais voltaram às aulas presenciais.
A política de testagem da prefeitura de Porto Alegre é de investigar pessoas que conviveram com algum caso confirmado de coronavírus. Na realidade escolar, isso envolve examinar professores, alunos e funcionários que conviveram com indivíduos infectados. Até agora, 1,9 mil pessoas foram testadas com PCR, teste de padrão ouro – além dos 78 resultados positivos, 494 aguardam desfecho.
O baixo número de infecções foi comemorado pelo Sindicato do Ensino Privado do Rio Grande do Sul (Sinepe/RS), segundo o qual a volta às aulas presenciais é segura e não responde pelo aumento significativo de casos de covid-19 no município.
— Existem muitas pesquisas mostrando que as crianças são menos propensas a pegar o vírus e, se pegam, não desenvolvem a forma grave da doença. Esses dados corroboram outras pesquisas que existem. Temos absoluta convicção de que a escola não é um centro propagador de covid. A escola é um ambiente seguro. E não é um pensamento só nosso, mas também do governo do Estado, da Secretaria Municipal da Saúde e de países como França e Alemanha, que têm lockdown, mas mantêm escolas abertas — afirmou o presidente do Sinepe, Bruno Eizerik.
Por meio de nota enviada nesta quarta-feira (2), o Sindicato dos Municipários de Porto Alegre (Simpa) se posicionou sobre o assunto:
"O Simpa dialoga com a comunidade escolar, visita as instituições e conhece a realidade da Rede Municipal de Ensino. Por isso, é categórico ao afirmar que, hoje, não existem condições estruturais e sanitárias seguras para o retorno às aulas na Rede Municipal de Ensino de Porto Alegre. Nas atuais circunstâncias — e considerando o recente aumento de casos de Covid-19 no estado e na capital — é temerário expor crianças, trabalhadores e trabalhadoras, bem como a comunidade escolar como um todo. Conforme dados obtidos pelo Simpa junto às direções das escolas, entre os dias 20/10 e 02/12, considerando suspeitas e confirmações de Covid-19, foram contabilizados 179 casos em 37 EMEIs e 232 casos em 52 EMEFs. Tais dados mostram que a retomada das atividades presenciais de ensino impactam negativamente na saúde das comunidades escolares, com alto potencial de aumento da propagação para o restante da sociedade."