Como líder de um grupo de 75 colaboradores, a escritora e diretora da agência de endomarketing HappyHouse, Analisa de Medeiros Brum, decidiu em 1º de junho ser a primeira a voltar ao trabalho presencial, depois de quase três meses atuando de forma remota. A meta era se tornar mais produtiva e analisar a possibilidade de o grupo todo retornar ao trabalho presencial.
Mesmo com a orientação de home office para todos, oito colaboradores decidiram voltar com Analisa: auxiliares de limpeza, equipe de TI e a Diretoria de Inovação, que foi criada durante a pandemia para atender à demanda de novos clientes.
— Grandes empresas tiveram que intensificar a comunicação interna e nos assustamos com o aumento da procura pelos nossos serviços — explica Analisa.
No meio da pandemia, Analisa precisou contratar 10 novos colaboradores. E eles foram treinados de forma presencial.
— Continuo com a política de que devem continuar em home office, mas que tenho o direito de chamar quem eu entender que precisa estar aqui. Se vou dar um treinamento, chamo e eles têm que vir de máscara. Os que foram contratados já negociei que começassem aqui dentro. Estou me dando o direito de pedir que um ou outro venha. A política é de home office. Não porque eu queira. Não gostaria. Mas a sede é um estúdio que tem janelas que não abrem totalmente e o ar não circula. Então, não temos como voltar agora — conta Analisa.
A diretora destaca a equipe engajada e conta que tem realizado lives semanais para posicionar os colaboradores sobre a situação do negócio. Mesmo assim, afirma estar preocupada por ter percebido perda na qualidade, na agilidade e na organização do grupo. Ela confidencia que precisa do retorno total da equipe ao presencial porque numa agência o trabalho é feito em grupo, e isso está sendo prejudicado neste período.
— O nosso público interno é formado por pessoas com idades entre 25 e 35 anos, que moram em apartamento pequeno e têm filhos pequenos que estão sem escola. Estando em casa, não têm um bom espaço para trabalhar. Seria miopia minha achar que eles estão trabalhando oito horas, como se dedicavam aqui dentro. Não estão porque não conseguem. É um problema sério para o nosso negócio — destaca.
Analisa fez duas pesquisas internas de satisfação durante o distanciamento. A maioria afirmou que está produzindo da mesma forma, mas tem a sensação de trabalhar mais. A maior parte também não quer retornar ao trabalho presencial.
— Pedi que quatro pessoas voltassem e só metade voltou. Os outros disseram que moram com pessoas de grupo de risco. Eles dão uma desculpa e não voltam. Estamos muito à mercê de uma avaliação pessoal. É difícil dizer que é a partir de tal dia que vamos voltar — desabafa Analisa.
Em meio a essa experiência, a diretora garante ter refletido sobre o negócio e percebeu a necessidade de reagir rapidamente, ter capacidade de adaptação e ser digital. Analisa aposta que as empresas que optaram totalmente pelo home office ainda voltarão atrás na decisão e acredita que o modelo híbrido será a melhor alternativa.
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