Pesquisa Ibope encomendada pelo jornal O Globo mostra que ainda existe resistência por parte dos pais no retorno às aulas presenciais no país. Para 72% dos entrevistados, os alunos só devem retornar aos bancos escolares quando uma vacina contra o coronavírus estiver disponível.
Os participantes foram questionados se concordam ou não com a frase: "O retorno dos alunos à sala de aula deveria ocorrer somente quando houver uma vacina". O índice de quem concordou é ainda um pouco maior na região Sul do que na média do país – 77%.
O levantamento foi realizado entre os dias 21 e 31 de agosto, pela internet, com 2.626 brasileiros com mais de 18 anos e das classes A, B e C.
Na pesquisa Ibope, 54% concordam totalmente com a afirmação de que o retorno dos alunos à sala de aula deve ocorrer somente quando houver uma vacina; outros 18% concordam parcialmente; 12% não concordam, nem discordam; 7% discordam parcialmente; 6% discordam completamente; e 3% não souberam responder.
Retorno no RS
No Brasil, apenas o Estado do Amazonas retomou as aulas até agora. O governo do Rio Grande do Sul apresentou um cronograma na semana passada, que propõe o retorno a partir desta terça-feira (8) para a Educação Infantil. A decisão, no entanto, é dos prefeitos. São Paulo também começa nesta terça. Rio de Janeiro, Piauí, Pernambuco e Pará também já têm datas marcadas que começam no próximo dia 14 e seguem até outubro.
Segundo exigência que consta em decreto do governo do RS, podem retomar as atividades presenciais as regiões que estiverem sob bandeira amarela ou, há duas semanas, na laranja no modelo de distanciamento controlado. As classificadas na bandeira vermelha ou preta não podem atuar.
Segundo levantamento feito por GZH, somente 30% das regiões estariam aptas ao retorno, conforme a exigência.
Em entrevista ao Gaúcha Atualidade na manhã desta segunda-feira (7), o médico e ex-secretário da Saúde Porto Alegre Erno Harzheim diz ser impossível esperar por uma "resposta mágica da vacina". Para ele, ainda que considere não ser o momento para voltar em cidades como Porto Alegre, devido ao índice de ocupação de UTIs atual, as crianças precisam retomar as atividades em algum momento:
— A gente não sabe exatamente quando vai ter vacina, nenhuma tem 100% de efetividade, acabam tendo uma cobertura de proteção que não é total. (...) Mas a gente tem uma questão que é muito mais premente na questão da educação que é a saúde das crianças. Não é feita só de questões infecto-contagiosas. Todos nós sabemos que a educação é um dos principais determinantes de saúde de uma população. (...) A escola tem um papel não só de melhorar o nível educacional e de conhecimento, mas um outro grande papel na vida das crianças, ainda mais nas pequenas, que é lidar com o desenvolvimento cognitivo na primeira infância.