Idealizadora do modelo de distanciamento controlado, Leany Lemos garantiu, nesta terça-feira (18), que, quando houver o retorno de aulas presenciais, será garantido a pais e alunos a possibilidade de ensino remoto. Segundo Leany, que coordena o Comitê de Dados do Gabinete de Crise do governo do Estado, a alternativa a distância para quem não se sentir seguro com a volta presencial valerá para todos os níveis de ensino.
– Primeiro ponto é que não é obrigatório. O Ministério Público tem participado das reuniões e tem colocado essa questão dos pais que quiserem manter os filhos em casa. Essa possibilidade é um fato, já está colocada, especialmente no caso da educação infantil, mas em todos os níveis. Se os pais não quiserem mandar (os filhos) para a escola, acharem que não é seguro o suficiente, isso será respeitado. As crianças e os adolescentes manterão seu ensino remoto – garantiu Leany.
Na última semana, o Ministério Público (MP) já havia defendido a ideia de que pais e estudantes que não se sentirem seguros devem ter a opção de ensino remoto. O MP apoia o cronograma estadual.
A proposta do governo do Estado prevê a retomada de aulas presenciais a partir de 31 de agosto nas cidades que estejam com bandeira amarela e laranja, ou seja, risco baixo e médio para coronavírus. O atual mapa de risco do Estado tem 14 das 21 regiões em bandeira vermelha. É a maior quantidade de regiões do Estado com risco alto para coronavírus desde que o modelo de distanciamento controlado foi implementado, em maio.
Na segunda (17), ao ser questionado sobre o que mudou no cenário da pandemia no Rio Grande do Sul que leva o governo a planejar a volta das aulas, o governador Eduardo Leite argumentou que a velocidade de ocupação de leitos caiu nas últimas semanas.
– O que mudou está claro neste gráfico. O que mudou foi que, depois de uma subida neste gráfico, rapidamente, na expansão de internações que se observou ao longo de junho e julho, do final do mês de julho para cá, há uma clara redução da velocidade de ocupação de leitos que demonstra uma menor velocidade de disseminação do vírus – afirmou Leite, comentando o gráfico (veja abaixo).
Resistência entre prefeitos
A proposta do Piratini não foi bem recebida pelos prefeitos. Resultado parcial de pesquisa feita pela Famurs mostra que 93% dos gestores municipais são contrários ao calendário oferecido pelo governo do Estado. Até segunda-feira, 367 dos 497 prefeitos haviam respondido a enquete.
Aos prefeitos que discordam do calendário proposto pelo Estado, foi perguntado quando acham que as aulas presenciais devem ser retomadas. Na resposta, 38,6% disseram que deve ocorrer a partir da vacina, e 35,1% afirmaram que isso deve ser feito a partir da diminuição dos casos. Outros 24,7% defendem a volta apenas em 2021.
Os principais sindicatos de professores criticaram o planejamento estadual. O Cpers-Sindicato, que representa professores da rede estadual, classificou a proposta como “irresponsável”. Já o Sindicato dos Professores do Ensino Privado do Rio Grande do Sul (Sinpro-RS) afirmou que um retorno a partir de 31 de agosto seria “precoce”.
Cronograma proposto pelo governo do Estado
- 31/8 – Educação Infantil (público e privado)
- 14/9 – Ensino Superior (público e privado)
- 21/9 – Ensinos Médio e Técnico (público e privado)
- 28/9 – Ensino Fundamental – anos finais (público e privado)
- 8/10 – Ensino Fundamental – anos iniciais (público e privado)