Se o dito popular afirma que o ano do brasileiro só começa depois do Carnaval, a realidade para muitos alunos das escolas da Capital segue outro calendário. Conforme a Secretaria Municipal da Educação de Porto Alegre (Smed), 31 das 56 instituições geridas pelo município retomaram as aulas nesta segunda-feira (17). São cerca de 17,5 mil crianças e adolescentes voltando às atividades.
— Primeiro dia, ela veio empolgada, bem faceira. Já estava pronta antes do horário — conta o rodoviário Marcos Vidal, 37 anos, pai de Flávia Vidal, 12.
Flavia é aluna da Escola Municipal Especial de Ensino Fundamental Prof. Elyseu Paglioli, no bairro Vila Nova, zona sul de Porto Alegre. A instituição atende 220 crianças em lições de educação precoce, psicopedagogia inicial e Ensino Fundamental, de acordo com a coordenadora pedagógica, Sinara Vicente.
A retomada das aulas na escola foi diferente neste ano: com lições de educação no trânsito, orientadas por equipes do programa de volta às aulas da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC).
— Educação passa pelo convívio pessoal e, no trânsito, a gente vê muito problema de convívio. Para isso, a criança tem que aprender a conviver junto com as regras de trânsito desde cedo — afirma o diretor-presidente da EPTC, Fábio Berwanger, presente no evento, que contou com músicos ao lado de faixas de pedestres, semáforos e placas de trânsito educativas espalhadas no pátio decorado do colégio.
As 25 instituições que concluíram o calendário do ano passado tardiamente irão retomar as atividades em outras datas, previamente estabelecidas pela Smed. Na Educação Infantil, as aulas iniciaram começaram no dia 10 de fevereiro, na maioria das unidades. O horário das aulas para o turno regular das escolas do município segue o mesmo do ano passado. Das 8h às 12h (turno da manhã), das 13h30min às 17h30min (turno da tarde) e das 18h30min às 22h30min (turno da noite).
Rede privada de ensino
A rede privada também começou o ano letivo em parte das escolas, segundo sugere o Sindicato do Ensino Privado do Estado (Sinepe/RS). Não há um levantamento de quantas instituições particulares reabriram as portas nesta segunda-feira, pois elas têm autonomia para elaborar o próprio calendário, reforça o sindicato.
No Colégio Maria Imaculada, em frente ao Estádio Beira-Rio, muita conversa e animação no reencontro dos colegas. São mais de 850 alunos nos ensinos infantil, fundamental e médio. "O terceirão chegou" era o grito ouvido ouvido em coro às 7h30min, a caminho das salas.
Animação que não foi compartilhada por Francisco Mazuim, 10 anos, que tem seu primeiro ano estudando no turno da manhã.
— Preferia as férias — afirma sonolento o sincero aluno do sexto ano.
Para se redimir, Francisco prometeu para a mãe, a administradora Luciane Mazuim, 45 anos, "estudar bastante" nos dois semestres letivos. Houve filas de automóveis na Avenida Padre Cacique, na entrada do colégio, pouco depois das 7h.
Presentes na escola, muitos pais não apenas deixaram os filhos, mas fizeram questão de passar os primeiros momentos ao lado dos estudantes. Caso de Ronaldo Ferreira, 53 anos, e Lisiane Barrada de Almeida, 46.
— Sempre fazemos isso, para ela se sentir protegida, acolhida mesmo — explica a especialista em sistemas de informação Lisiane, mãe de Marcella.
A filha do casal vai estudar pelo primeiro ano no Maria Imaculada.
— A ansiedade tá muito alta. Quero conhecer mais pessoas e aprender bastante, principalmente o Português, minha matéria favorita — revela a estudante, de 10 anos.
Davi Moreira Sehn, 11 anos, prefere matemática. Mas não são os números que fazem com que o mato-grossense queira sair logo do carro dos pais. Ele quer reencontrar os amigos, muitos dos quais não vê desde o fim das aulas, no ano passado.
— A adaptação dele aqui em Porto Alegre está sendo ótima desde que nos mudamos, há quatro anos. Ele adora, apesar de ainda estar meio preguiçoso por voltar a acordar cedo — defende a bancária, Leila Sehn, 38 anos, ao lado do marido e pai de Davi, o policial federal Fábio Moreira Freitas da Silva, 36 anos.