O retorno do ano letivo nas instituições de ensino privado do Rio Grande do Sul começa a partir desta segunda-feira (17). Não são todas as escolas que darão início às aulas de 2020 neste dia — o Sindicato do Ensino Privado do Rio Grande do Sul (Sinepe-RS) destaca que elas têm autonomia para definir seu calendário, desde que cumpram os 200 dias letivos no ano —, mas muitas já receberão os estudantes agora, depois fazendo uma pausa para o Carnaval.
Mas quem acha que o fim das férias significa tristeza para os jovens se engana: muitos deles estão animadíssimos para rever os colegas e começar uma nova fase de estudos.
Talvez isso seja mais marcante ainda para quem vai vivenciar uma transição, entrando nos Anos Iniciais, chegando nos Anos Finais ou ingressando no Ensino Médio.
A pequena Martina é uma dessas crianças que mal pode esperar para voltar à escola. Aos seis anos, ela está deixando os dias de Educação Infantil de lado e prestes a começar o primeiro ano do Ensino Fundamental. Nos últimos tempos, acompanhou a aquisição de cada novo material escolar pela mãe, a ginecologista e obstetra Ingrid Cruz Hillesheim.
— Estou contando os dias! Eu falo assim: "mãe, quantos dias faltam?" — disse Martina à reportagem na quinta-feira passada (13).
— Vou aprender matemática, história, começar a aprender a ler, estudar português, muita coisa nova! — comemora a pequena.
A mãe relata que a expectativa de Martina é também por reencontrar os colegas, muitos dos quais vão acompanhá-la na transição da educação infantil para o Fundamental.
— Muitos deles já se conhecem, mas descobrir colegas novos também vai ser uma diversão — explica Ingrid.
É assim também que pensa João Pedro Limeira, 11 anos — para quem a mudança deve ser um pouco mais impactante. Isso porque ele vai começar no sexto ano do Ensino Fundamental, quando passa a ter mais disciplinas e diversos professores para ministrá-las, não mais um só.
— É uma trajetória diferente da transição do quarto para o quinto ano, por exemplo. Agora aumenta o número de professores, a quantidade de disciplinas que ele vai ter, quantos livros vai precisar ler. É outra equipe, outra rotina, outra realidade — descreve a mãe, a orientadora de convivência escolar Juliana Limeira.
João Pedro é o mais velho de quatro irmãos, e Miguel, Bento e Maria Beatriz também acompanham — alguns, talvez, ansiosos — a volta do jovem às aulas.
— A expectativa é de que ele cresça ainda mais, tanto a partir das dificuldades quanto com as facilidades que virão. Ele está muito feliz, se achando grande — anima-se Juliana.
Ensino Médio
A família de Rodrigo Zoratto Borges de Assis, 15 anos, está acompanhando de perto e oferecendo todo o estímulo para que o jovem tenha a melhor experiência possível ao terem início suas aulas no primeiro ano do Ensino Médio. Aluno do Colégio Anchieta, em Porto Alegre, ele está animado para esse retorno, que marca também um novo começo.
— A gente acaba se envolvendo muito mais com o colégio. Além da parte intelectual, dos estudos, tem a questão humana, da convivência também. E a expectativa de matérias novas, como Sociologia, Literatura e Filosofia, que não tínhamos especificamente no Ensino Fundamental — diz Rodrigo.
O estudante relata que, já no nono ano, sua turma começou a fazer redações pensando no modelo exigido pelo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e passou a pensar em textos literários que costumam ser cobrados no vestibular, entre outras coisas.
Para o pai, o médico veterinário Eduardo Borges de Assis, essa fase marca justamente a mudança para uma fase com mais responsabilidades, em que será preciso pensar no que fazer na vida adulta.
— Agora a escola vai conduzindo o aprendizado para o próximo objetivo, que é o curso que o aluno vai escolher para seguir na faculdade mais adiante. É o momento de já irem tomando as diretrizes para fazerem o percurso que vão escolher ali na frente. Penso que eles já vão entendendo as matérias em que têm mais interesse, e isso influencia no curso pelo qual vão optar — declara Eduardo.
Quatro dicas para se readaptar à rotina nessa volta às aulas
- Antecipar o horário de dormir, em especial para aqueles que irão estudar pela manhã. O ideal é que a transição seja feita de forma gradual.
- O diálogo pode diminuir a ansiedade dos alunos, principalmente daqueles que estão mudando para uma nova escola ou para uma outra fase escolar; conversar sobre as novas atividades, os possíveis professores, passeios e demais atividades é sempre positivo.
- Organizar com os filhos o material escolar, assim como o uniforme e o cantinho do estudo, pode auxiliar na volta à rotina, além de estimular a independência e a organização do estudante.
- Produzir em conjunto um calendário ou cronograma com atividades e momentos de estudo da semana.
Fonte: Naime Pigatto, assessora pedagógica do Sinepe-RS