Fevereiro marca o início do ano letivo para as escolas das redes pública e privada do Estado, e que pai ou mãe não fica preocupado com a quantidade de material que os filhos devem levar nas mochilas? O excesso de peso e o esforço repetitivo na infância e na adolescência ocasionam 70% dos problemas de coluna na fase adulta, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Segundo o ortopedista e cirurgião de coluna Luiz Cláudio Lacerda Rodrigues, membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT), o grande problema não é só o peso do material, mas a forma como as crianças carregam as mochilas.
— Esse peso é sempre calculado em relação ao peso da criança. O que se recomenda é que o peso máximo para cada criança seja 10% do peso corporal. Não ultrapasse esse peso — orienta.
Isso significa que, para uma criança que pesa 30 quilos, por exemplo, o ideal é que ela carregue, no máximo, uma mochila com três quilos.
Como ajustar?
Conforme Rodrigues, a mochila tem que ficar sempre muito justa nas costas.
— As crianças têm tendência a usar mochila muito baixa e solta. Além de ela ficar puxando a criança para trás, ela fica como se estivesse batendo nas costas da criança o tempo inteiro — comenta.
De acordo com o ortopedista, ao carregar as mochilas de forma errada, as crianças e os jovens são candidatos a sofrer problemas na coluna depois de adultos. Durante essa fase, as crianças ainda estão em desenvolvimento, e a coluna é muito frágil.
— Os ossos ainda não estão com a consistência totalmente dura, os discos estão em fase de amadurecimento. Então, qualquer trauma ou esforço excessivo nessa idade é lesivo para a coluna, diferente da fase adulta, que já tem uma coluna estruturada — complementa.
Como organizar?
Psicopedagoga, Adriana Ferreira sugere algumas providências que favorecem a saúde dos estudantes. Entre elas, a melhor maneira de distribuir o peso nas mochilas.
— Os materiais mais pesados precisam estar mais próximos ao corpo e, havendo bolsos laterais, distribua uniformemente os objetos para equilibrar o peso —orienta.
Outra recomendação é que as crianças separem os itens necessários para a aula do dia seguinte na véspera:
— Os jovens têm tendência a arrumar a mochila para a semana com medo de esquecer algo. Isso é um erro terrível, uma vez que aumenta em demasia o peso a ser carregado.
Além disso, muitas mochilas são produzidas com material que já é pesado ou têm tantos acessórios que comprometem esse aspecto.
— Mochilas menores também podem ser uma boa alternativa para que os alunos não precisem carregar material supérfluo — completou.
Adriana alerta ainda que as capas duras tornam o caderno um dos vilões do peso na mochila.
— É sempre recomendável a compra de cadernos individuais mais finos. É também preferível substituir os cadernos no meio do ano, evitando que o aluno sofra com as dores provocadas pelo excesso de peso — indica.
Outra sugestão é que os pais ensinem a criança a ser organizada e que não façam o trabalho de arrumar a mochila pelos filhos.
— Esse é um dos piores erros cometidos por pais e responsáveis. Fazer por eles não vai ensiná-los e, sim, acomodará os estudantes que, com o passar do tempo, terão ainda mais responsabilidade e peso para carregar — conclui.
Volta às aulas
O retorno das instituições particulares está marcado para segunda-feira (17). Porém, cada escola tem autonomia para montar o seu calendário.
Já para a maioria das escolas públicas do Rio Grande do Sul, a volta às aulas se inicia na terça-feira (18) – algumas, por conta da greve de docentes no ano passado, ainda estão ou acabaram de sair do ano letivo de 2019. Estas poderão elaborar calendários escolares diferenciados, submetidos ao Conselho Escolar e à análise e à homologação da respectiva Coordenadoria Regional de Educação e da Secretaria Estadual da Educação (Seduc).
*Com informações da Agência Brasil.