O ano virou e os compromissos financeiros já batem à porta. Além da série de impostos anuais, quem tem filhos precisa colocar no caderno de despesas os gastos com materiais escolares e didáticos. Cadernos raramente são reaproveitados, mas outros itens podem ser reutilizados ou adquiridos em feiras de trocas, a fim de poupar uns trocados.
Para 2020, segundo a Associação Brasileira de Fabricantes e Importadores de Artigos Escolares e de Escritório (ABFIAE), a expectativa do setor é que itens como canetinhas, lápis, estojos e mochilas fiquem em média 8% mais caros do que em 2019. O percentual é quase o dobro do acumulado nos últimos 12 meses do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – 4,13% –, que mede a variação de preços do mercado para o consumidor final. Com esta perspectiva, a busca por economizar onde for possível deve se intensificar.
Mãe de dois alunos do Colégio La Salle Santo Antônio, na Capital, a matemática Sheila Utz, 38 anos, sente no bolso o peso de ter filhos matriculados em uma escola particular. Até o 6º ano escolar de Douglas Utz, 17 anos, ela comprava somente livros novos. A partir de 2015, porém, após conversar com amigas que tinham filhos matriculados em séries mais adiantadas, Sheila passou a adquirir exemplares seminovos:
— A nossa bibliotecária (do La Salle) passou a organizar uma feira de compra e venda de livros usados e, dali, partimos para as redes sociais. Em 2016, uma mãe criou o grupo no Facebook, eu entrei como administradora e nunca mais saí. Hoje temos mais de mil participantes que comercializam, além de materiais didáticos, uniformes também.
Ela relata que casacos que custam R$ 100 são encontrados por R$ 25 no brechó. No início do ano letivo, as solicitações de entrada no grupo alcançam seu pico — a média é de cinco solicitações por dia.
A caçula Melissa Utz, 13 anos, praticamente não estudou com livros novos: a maioria das obras usadas em sala de aula já passou pelas mãos do primogênito. E, quando o ano se encerra, os livros são colocados à venda no brechó do colégio, conta Sheila.
— Vendi mais de 30 livros no grupo do Facebook. Esse dinheiro arrecadado é uma ajuda e tanto, porque contribui na compra de livros que são atualizados e que a gente acaba não encontrando no brechó — diz.
Quanto vale um livro?
Em conversa com a bibliotecária do Colégio La Salle Santo Antônio, a matemática descobriu que era justo cobrar por um livro em boas condições de uso (sem marca-texto, rasuras e escrito à caneta) um terço do valor original pago. Contudo, a negociação é livre e varia, podendo ser encontrados livros por até R$ 20.
O ponto de entrega é outro tópico que merece atenção. A troca pode ser feita na escola, já que os filhos estudam na mesma instituição.
Como começar?
- Crie no Facebook um grupo com os pais e mães da escola que são próximos de você.
- Com o tempo, a iniciativa irá se popularizar e outros pedidos de entrada chegarão.
- Dê preferência para a entrada de pessoas que tenham filhos matriculados na escola.
- Estabeleça regras de segurança, como não passar o celular para futuras negociações e não divulgar a turma em que o filho estuda.
- A visualização de itens para venda é melhor no Facebook, porque fica fixada em um post. Por isso, opte por não fazê-la em outras redes sociais.
- Coloque fotos do item que está sendo comercializado.
- Após a conclusão da venda, exclua o post.