Mais de 80 laboratórios, cem grupos de pesquisa, faculdades, um hospital, um parque científico e tecnológico. Está se formando, em Porto Alegre, um ecossistema com foco total em saúde, o BioHub, liderado pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), com lançamento oficial previsto para o dia 10 de outubro. A partir de um conjunto de iniciativas, pulverizadas por todo o campus e conectando inúmeros profissionais, o BioHub PUCRS pretende se destacar no fomento à inovação e à cultura do empreendedorismo na área de ciências da vida, abrigando startups e oferecendo condições de trabalho e cooperação.
Uma das primeiras iniciativas do projeto é a abertura do Health Plus Innovation Center, espaço de coworking de 650 metros quadrados e 120 lugares localizado em um dos prédios do complexo do Tecnopuc, o parque científico e tecnológico da universidade. O centro terá como objetivo principal a aceleração de negócios e estará aberto a todos os interessados, não apenas a alunos, professores e pesquisadores ligados à universidade.
— Queremos que todo esse ecossistema de saúde gere novos negócios que qualifiquem a saúde da nossa população, com reflexo nas redes pública e privada. Vamos constituir um espaço para geração de startups e conectar talentos. A área de saúde é muito forte, estratégica — afirma Jorge Luis Nicolas Audy, superintendente de Inovação e Desenvolvimento da PUCRS.
Parceira do BioHub, a aceleradora de startups Grow+ será responsável por gerir o Health Plus Innovation Center, que abrigará startups em diferentes estágios, desde as incipientes até as mais avançadas. Serão firmados contratos com patrocinadores, como operadoras de saúde e laboratórios farmacêuticos.
— O Health Plus Innovation Center vai ter atividades focadas na inovação, no empreendedorismo, na saúde digital. É o motor do projeto — diz Cristiano Englert, médico e cofundador da Grow+.
Inspiração para o projeto
Visitas a centros de referência, no Brasil e no Exterior, foram realizadas durante o processo de planejamento. Audy conta ter passado pelo Eretz.bio, incubadora de startups do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, pelo Open D'Or, do Instituto D'Or de Pesquisa e Ensino, no Rio de Janeiro, e pelo Instituto Karolinska, na Suécia.
— Tiramos ideias e inspirações de cases de sucesso — comenta Audy.
Outro atrativo do BioHub já está em funcionamento: trata-se do Usalab, dentro do Tecnopuc, um ambiente de simulação, com investimento superior a R$ 2 milhões, que possibilita a condução de testes para startups que desenvolvem produtos do setor de tecnologia hospitalar. Audy destaca também que, a partir deste semestre letivo, a Escola de Medicina da universidade está ofertando uma disciplina de tecnologia e inovação aplicadas à saúde. Quase cem alunos se inscreveram.
Com reconhecimento internacional em pesquisa, o Instituto do Cérebro (InsCer) é uma das principais bases do BioHub. Jaderson Costa da Costa, diretor do InsCer, explica que o campus será um grande laboratório para experimentos.
— Poderemos testar algo novo na área de oncologia do Hospital São Lucas, no InsCer, no Parque Esportivo — exemplifica Costa, garantindo que tudo será conduzido dentro de rígidos padrões éticos e científicos.
— Somos interdisciplinares. Teremos vários olhares, como o de um médico, o de um psicólogo, o de um enfermeiro, o de um fisioterapeuta e o de um designer, que permitirão o aperfeiçoamento — acrescenta.
O diretor do InsCer pensa ser impossível prever que rumos o projeto tomará no futuro e o compara ao do próprio InsCer, inaugurado em 2012, que terá sua área triplicada em 2020.
— Com o InsCer, sabíamos que estávamos começando inédito e disruptivo, mas não podíamos avaliar as proporções naquele momento — relembra Costa.
— No BioHub, haverá interações sobre as quais não teremos mais controle. E isso é positivo. Não posso mensurar a relação do engenheiro discutindo com a assistente social ou com o médico e com a enfermeira. Vai surgir algo. Esse diálogo, esses olhares, essas conversas são imensuráveis, intangíveis, maravilhosos — define Costa.