Durante os dias 16 e 17 de agosto, Morro Reuter, no Vale dos Sinos, vai respirar ciência. Trata-se da 3ª edição do evento Morro Reuter Científica, uma mostra que, segundo a coordenadora da atividade e secretária de Educação e Cultura, Juliana Zimmer, envolve todos os cerca de 5 mil habitantes da cidade em pesquisas sobre história, cultura e curiosidades do município.
Com a temática "Cultura, memória e identidade", 101 trabalhos serão expostos no Ginásio Municipal — Rua Principal Anita Garibaldi, 219 — com entrada gratuita para a comunidade.
Juliana explica que os alunos de todas as escolas do município, de creches ao Ensino Médio, participaram de algum grupo de trabalho.
A preparação para a mostra científica começou em março, com a realização de expedições investigativas, onde os estudantes, acompanhados de seus professores, pesquisaram sobre a cidade e, a partir daí, desenvolveram seus projetos para a mostra.
— É maravilhoso ver a criança como protagonista do seu processo de aprendizagem, com interesse em explorar e ter a alegria de apresentar a pesquisa realizada — disse a secretária.
Toda a cidade envolvida
A premiação acontece na manhã do sábado (17), a partir das 10h30min, em seis categorias: crianças de 0 a 3 anos, Educação Infantil — para os alunos de 4 e 5 anos —, 5º ano, 6° ao 9° ano e Ensino Médio. Os prêmios serão definidos por um corpo de jurados composto por 75 avaliadores, da cidade e de municípios vizinhos, envolvidos com educação e ciências .
Além destas honrarias, haverá também o Destaque Científico escolhido pela comunidade em votação aberta que envolverá toda população. Aliás, esta é a principal característica do evento: todos os habitantes contribuíram com seus conhecimentos e se envolveram de alguma forma.
Os moradores receberam os estudantes e forneceram informações históricas para ajudar na pesquisa ou realizaram oficinas e palestras nas próprias escolas sobre como se constrói uma casa ou como se faz uma cuca, por exemplo.
Escolas inscrevem 101 projetos na mostra
A cultura alemã, predominante na vida dos moradores da cidade, é muito exaltada nos trabalhos. A Escola Prof. Francisco Weiler inscreveu o projeto "Uma volta ao passado: conhecendo casas enxaimel", no qual, em sala de aula, os estudantes conversaram com vovôs que viveram em residências neste estilo e confeccionaram miniaturas das casas com estilo muito presente ainda na localidade de Picada São Paulo, onde fica a instituição. A ideia era valorizar a herança dos imigrantes, tão presente na região.
As casas eram feitas com madeira grossa e encaixes destas madeiras na vertical, na horizontal e inclinadas. Depois, preenchiam com barro e pedras e, acostumados com a neve alemã, faziam telhado inclinado pra fugir dela. Além disso deixavam um espaço do chão para a madeira poder respirar.
A orientadora do trabalho, professora de séries iniciais Zelinda Albrecht, 45 anos, explica que as pessoas não optam mais por esse estilo de construção, pois sua técnica é mais trabalhosa, mas que em memória ao passado muitas delas têm sido restauradas.
— Não se fazem mais essas casas, pois os materiais são mais escassos e atualmente existem modelos modernos que reduziram custos e ganharam agilidade na construção, porém muitas reformas tem ganhado espaço em homenagem aos que se foram — acredita.
Zelinda conta que se encantou com o envolvimento das crianças.
— Percebi eles muito felizes. Fizeram tudo com muita dedicação e carinho. Nasce ali um apego à identidade da cultura da cidade — conta.
Um dos participantes do projeto confirmou o encantamento. O aluno do 2º ano do Ensino Fundamental, Gustavo Berg, 8 anos, se sentiu familiarizado com o trabalho.
— Gostei muito de fazer o projeto porque me lembrei da casa da minha vó. Vou muito lá e acho bem legal — explicou.
Outro trabalho que buscou as raízes alemãs do município vem da Escola Tiradentes. "Tem cheirinho de cuca no ar" foi um projeto elaborado com o objetivo de evidenciar esta importante receita tradicional da cultura germânica. Os estudantes investigaram a origem de diferentes receitas de cucas, dos fermentos utilizados no passado e no presente, dos gostos e dos hábitos de compra ou confecção das mesmas. A turma produziu o famoso o fermento natural, o qual serviu para a construção da massa caseira.