O processo de escolha do novo reitor da Universidade Federal do Pampa (Unipampa), com consulta geral marcada para o dia 28 de agosto, é o primeiro a ocorrer numa universidade federal sediada totalmente no Rio Grande do Sul depois da posse de Jair Bolsonaro, o que tem gerado apreensão na comunidade acadêmica.
Desde que assumiu, o presidente da República já nomeou sete reitores, mas em dois dos casos ele rompeu com a tradição e deixou de confirmar no cargo o candidato escolhido nas votações internas. Na semana passada, nomeou Fábio Josué Souza dos Santos, terceiro colocado na lista tríplice enviada pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB). Antes, já havia nomeado o segundo mais votado na Universidade Federal do Triângulo Mineiro, Luiz Fernando Rezende.
Outra universidade que tem campi no Rio Grande do Sul, mas com a reitoria sediada em Chapecó (SC), a Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) realizou recentemente seu processo de consulta à comunidade e encaminhou lista tríplice ao Ministério da Educação, encabeçada por Anderson André Genro Alves Ribeiro. Aguarda a confirmação do governo federal.
O professor Saulo Menna Barreto Dias, presidente da comissão pró-consulta geral da Unipampa, afirma que os precedentes geram preocupação, mas não desmobilizam professores, estudantes e funcionários.
— O receio de todas as universidades federais é que não seja respeitado o desejo da comunidade. Este é o primeiro governo a não respeitar. Está previsto na Constituição, é um direito do presidente, mas nenhum governo havia feito isso. Preocupa, mas não desmobiliza. A comunidade acadêmica está bastante envolvida com a campanha — diz o professor.
Seis professores disputam o cargo de reitor: Rosana Soibelmann Glock, José Waldomiro Jiménez Rojas, Roberlaine Ribeiro Jorge, Jefferson Marçal, Hélvio Rech e Ana Cristina da Silva Rodrigues. No dia 28, 14.457 pessoas estarão habilitadas a participar da consulta nos dez campi da universidade. Serão 12.609 alunos, 915 técnicos-administrativos e 933 docentes. Esses grupos terão peso igual no resultado: um terço para cada.
A consulta é de caráter informal. A eleição oficial ocorre em setembro, no Conselho Universitário (Consuni), onde os professores têm 70% dos assentos. Nos dois processos anteriores ocorridos na Unipampa, o Consuni confirmou os resultados da consulta geral.
Do Consuni, sairá a lista tríplice que será encaminhada ao Ministério da Educação (MEC). Depois da confirmação por Bolsonaro, o novo reitor tomará posse em dezembro, para um mandato de quatro anos.
— A expectativa é de que o resultado seja respeitado — afirma o presidente da comissão pró-consulta.