Repetindo o que foi registrado em diversas cidades do país nesta quinta-feira (30), estudantes e trabalhadores da educação realizaram manifestação em Porto Alegre contra o contingenciamento de recursos feito pelo Ministério da Educação (MEC), que afetam as universidades e os institutos federais, além dos cortes em bolsas de pesquisa.
Na Capital, a concentração começou às 17h, na Faculdade de Educação (Faced) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Por volta das 17h30min, os participantes saíram em caminhada pelas ruas da região central, até chegar na Esquina Democrática, onde manifestavam usavam um carro de som para esbravejar palavras de ordem e discursos contra o governo de Jair Bolsonaro.
— Não vai ter corte. Vai ter luta — era uma das frases mais citadas pelos manifestantes.
Na linha de frente da marcha, três pessoas participavam de uma encenação. Um jovem usando uma faixa em referência ao presidente da República portava uma espécie de mãos de tesoura. Ao lado dele, duas pessoas carregavam cartazes — um com a palavra educação e o outro com a palavra Previdência. Os objetos eram cortados pelo homem que interpretava o chefe do Executivo.
Durante boa parte da caminhada, chuva constante caia sobre o centro de Porto Alegre, obrigando manifestantes a utilizarem guarda-chuvas e capas de chuva para tentar driblar o mau tempo. Vendedores aproveitavam para vender os produtos em meio ao ato.
— Sou estudante. Não abro mão de mais ciência e de mais educação — gritavam.
Cartazes com as frases "Educação não é mercadoria", "Balbúrdia é cortar dinheiro da educação" e "Educação é investimento" pintavam o cenário da manifestação. Algumas entidades, como o Cpers e a União Nacional dos Estudante (UNE) marcaram presença na mobilização.
Após cerca de uma hora, os manifestantes decidiram promover uma nova passeata. A caminhada percorreu a Avenida Júlio de Castilhos, o túnel da Conceição, a Rua Sarmento Leite e a Avenida Loureiro da Silva até o Largo Zumbi dos Palmares. O ato foi encerrado no local por volta das 20h30min com os organizadores convocando as pessoas para uma greve geral, programada para o dia 14 de junho.
Para o estudante Brunno Mattos, 20 anos, do movimento estudantil Paratodos, o ato mostra a força de uma mobilização conjunta de estudantes e trabalhadores.
— É nossa tarefa histórica estar em unidade, principalmente neste momento de cortes. Que cortam nossa educação, nossa saúde, nossa segurança. Acho que mostra que, mesmo com todos os ataques, a gente tem vontade de lutar. Nessa chuva, estarmos na rua, com milhares de pessoas, é porque a gente ama o Brasil e ama a nossa educação pública, gratuita e de qualidade.
Ele acredita que o ato ontem foi reduzido em participação, principalmente pela instabilidade do clima.
— Mas ainda assim foi uma bela resposta pelos cortes que Bolsonaro vem impondo a gente — completou Mattos.
O funcionário público Marcelo Rota, 32 anos, entende que o movimento está no caminho certo e exaltou a grande adesão de pessoal na mobilização.
— Atos como esse são importantíssimos nesse momento que estamos vivendo no país, de sucateamento da educação e de sucateamento contra o pobre, principalmente.
Na tarde desta quinta, o MEC divulgou uma nota em que afirma que professores, servidores, funcionários, alunos e até mesmo pais e responsáveis "não são autorizados a divulgar e estimular protestos durante o horário escolar".