O ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, voltou a defender a cobrança de mensalidade em universidades federais, a extinção futura das cotas e a volta de disciplinas como moral e cívica. Em entrevista publicada na revista Veja deste fim de semana, o titular do Ministério da Educação (MEC) cita, como exemplo, o ensino superior de seu país de nascença, a Colômbia, onde a mensalidade de universidades é paga conforme a renda do estudante.
— Se você é rico, paga mais, se é pobre, recebe bolsa — resumiu.
O titular do MEC reforçou que, em nenhum país, a universidade chega para todos e que, nos governos militares, muitas instituições de Ensino Superior foram criadas, mas a preparação de professores para o ensino básico ficou em segundo plano.
— Ela (a universidade) representa a elite intelectual, para a qual nem todo mundo está preparado ou para a qual nem todo mundo tem disposição ou capacidade.
Ainda no Ensino Superior, o ministro defendeu as cotas raciais como políticas provisórias, e não permanentes, para a universidade. Em sua visão, a medida é uma solução emergencial que não deve ser extinta em seu mandato, mas que deveria acabar na próxima gestão.
— Temos de chegar ao momento de eliminar as cotas para dizer que elas não são mais necessárias porque elevamos o nível do Ensino Fundamental. De imediato, não vamos abolir as cotas, até porque me matariam quando eu saísse à rua. Mas as cotas têm de ser eliminadas com o tempo - declarou. -Quatro anos é pouco tempo (para acabar com as cotas). Mas tenho certeza de que, se fizermos o dever de casa, meu sucessor conseguirá iniciar esse processo.
No ensino básico, Vélez diz que não mudará a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), mas, sim, a interpretação do documento. Ele também demonstrou apoiar o projeto Escola Sem Partido porque “a escola não serve para fazer política”. Questionado se não há risco de perseguição ideológica, o ministro afirmou que já existe clima persecutório da esquerda contra a direita.
— Doutrinas ideológicas devem ser estudadas apenas no Ensino Superior. O dever do professor universitário é ensinar aos alunos todas as posições ideológicas e colocar entre parênteses o seu ponto de vista — disse.
Vélez defendeu a volta da disciplina de moral e cívica às escolas para que os jovens saiam do colégio “sabendo que há uma lei interior em todos nós".
– A primeira parte desta disciplina pode ser dada nas quatro primeiras séries do Ensino Fundamental. Os estudantes podem aprender, por exemplo, o que é ser brasileiro. Quem são nossos heróis? O PT tentou matar todos eles — disse. — Outro ponto: hoje, o adolescente viaja. É necessário lembrar que existem contextos sociais diferentes e as leis dos outros devem ser respeitadas. O brasileiro viajando é um canibal. Rouba coisas de hotéis, rouba o assento salva-vidas do avião; ele acha que sai de casa e pode carregar tudo. Esse é o tipo de coisa que tem de ser revertido na escola.
O ministro afirma que, em virtude de suas posições políticas, foi marginalizado e jamais recebeu bolsa de doutorado ou pós-doutorado, uma consequência “do aparelhamento do MEC petista” desde os anos 1990. Vélez afirmou que a primeira pergunta que o presidente Jair Bolsonaro lhe fez na “entrevista” para o cargo foi: “Você tem faca nos dentes para enfrentar o problema do marxismo no MEC?”.