Correção: O nome correto do reitor da UFRGS é Rui Vicente Oppermann e não Rui Carlos Oppermann como publicado entre as 17h19min e 22h de 11 de novembro. A informação no texto já foi corrigida.
Nesta segunda-feira (12), a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) divulgou uma mudança importante no seu vestibular. Quebrando a tradição de realizar as provas em janeiro, a instituição decidiu antecipar o concurso em dois meses, para novembro. Os vestibulandos passarão a prestar exame no ano anterior à matrícula.
A medida, que deve ser permanente, não vale para o próximo ano letivo. Os alunos que vão ingressar na universidade em 2019 farão o concurso nos primeiros dias do ano, conforme já estava agendado. Mas na primavera de 2019 haverá outro vestibular, para o ano de 2020.
Outra mudança, decorrente da primeira, é que a UFRGS deixará de realizar o concurso em dias consecutivos. O vestibular continuará a ter quatro dias, mas concentrados em dois finais de semana. Na entrevista abaixo, o reitor Rui Vicente Oppermann explica os motivos para as mudanças.
Que motivos levaram a universidade a antecipar o vestibular de 2020 para novembro?
Nosso vestibular é feito geralmente na segunda semana de janeiro. Até a correção da prova e da redação, estamos no final de janeiro. Com isso, temos basicamente o mês de fevereiro, com Carnaval no meio, para fazer análise de todos os candidatos aprovados, de tal maneira que se faça a homologação para fazer a matrícula e em geral começar o semestre em março. Isso funcionava maravilhosamente bem quando só tínhamos a entrada universal, porque aí era rodar as notas, fazer a classificação e estava pronto. Agora, com as cotas, a situação começou a se tornar cada vez mais complexa, porque, para os cotistas, temos de fazer a análise da conformidade da declaração que eles fazem.
O senhor se refere a aferição para validar o cotista?
Temos a aferição étnica, racial. Temos a aferição socioeconômica. Temos a aferição do ensino público. E agora também das pessoas com deficiência. O grande motivo de tudo isso é que queremos ocupar todas as vagas disponíveis na universidade. Com esse processo, não temos tido condições de oferecer as vagas de uma forma adequada.
Houve problemas em 2018?
O problema ocorre quando há recursos. Esses recursos têm ser analisados. Então, é um processo complexo, que queremos fazer de forma justa, e isso demanda tempo. Não é um problema só de 2018, teve em outros anos e vem se acumulando.
O senhor se refere a casos de alunos que, quando o ano letivo começou, ainda estavam com matrículas pendentes?
Exato. Temos matrículas precárias, em função da nossa incapacidade de passar o processo todo de aferição e de recursos. Isso é uma situação que demanda atenção, tempo. Entendemos que trazendo o vestibular para novembro temos três meses para fazer esse processo, e não apenas algumas semanas.
E qual o motivo da ideia de concentrar o vestibular em dois finais de semana?
Estamos em linha com o que o próprio Enem faz, que é uma forma de aproveitar a tranquilidade do final de semana para a locomoção dos inscritos. As segundas-feiras são um estresse com o vestibular, porque tem pessoas voltando da praia, pessoas indo, e o nosso campus do Vale fica completamente congestionado.
Se já há problema de congestionamentos em janeiro, quando muita gente está em férias, em novembro seria ainda mais complicado fazer o vestibular em dia de semana. Isso pesou?
Exatamente. Com o agravante de que muitas das escolas que utilizamos estariam com atividade e não poderiam ser cedidas para a realização das provas. Tem essa questão logística também.
A ideia é que essas mudanças persistam nos anos seguintes ou são só um experimento?
Estou convencido, em função da discussão que já se fez internamente, que essas mudanças vêm para ficar.