Garantir um ambiente de trabalho que valoriza o trabalhador e o motiva a dar seu melhor faz a diferença em todo o processo, da atração de profissionais à entrega do produto ou serviço. O presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos do Rio Grande do Sul (ABRH-RS), Orian Kubaski, afirma: “Pessoas felizes é que constroem bons resultados”. Veja entrevista concedida a GaúchaZH sobre o tema, após a divulgação do levantamento "As Melhores Empresas para Trabalhar do RS".
Gerir pessoas é um dos grandes desafios para muitas empresas. O que é preciso levar em conta neste processo?
Para gerir uma empresa, você precisa de capital, produto ou serviço, e gente. O capital, a gente encontra; ideias, produtos e serviços, precisa gerar; mas é difícil encontrar pessoas com talento. O problema não é só desenvolver e encontrar, mas também fazer a gestão e mantê-los motivados e produtivos. É necessário ter gente capaz de fazer melhor que o concorrente. Gerir pessoas é o grande desafio empresarial do terceiro milênio.
Existe uma crescente pressão sobre o trabalhador. Qual é a importância de ouvi-lo e reconhecer suas necessidades?
Existe uma frase emblemática: "Não são os bons resultados que fazem as pessoas felizes, pessoas felizes é que constroem bons resultados". Quando você parte desta premissa, a chance de atingir bons resultados é muito maior. Promover o bem-estar e a qualidade de vida, em um ambiente que promova o desenvolvimento pessoal e profissional, certamente aumenta a chance do negócio se perpetuar e continuar crescendo.
Quais são as práticas de gestão que têm sido mais bem avaliadas pelos funcionários?
As pessoas não estão mais em busca de um simples emprego. Hoje, elas querem mais do que ganhar dinheiro. A empresa se diferencia quando cria um engajamento na equipe. Trabalhar com um propósito é a razão da nossa existência. Com mais engajamento, as empresas terão pessoas com competências importantes para o coletivo.
Por que a certificação do Great Place To Work, que mede o ambiente de trabalho e as relações humanas, é importante?
O Brasil não é pródigo em certificações profissionais. O GPTW vem avançando muito e fazendo um trabalho importante, promovendo os espaços de trabalho em que as pessoas se sintam mais felizes. É óbvio que isso se torna um diferencial, pois atrai as pessoas. Disputar uma posição em uma empresa certificada é um privilégio. É uma certificação internacional que diz que a empresa trata muito bem e dá valor aos trabalhadores. O bom clima organizacional oferece bem-estar e gera produtividade.
Como empresas que ainda não têm práticas de gestão voltadas para a qualificação do ambiente de trabalho podem começar a desenvolvê-las?
O conhecimento em gestão não está restrito a grandes corporações. Mesmo as empresas pequenas podem se utilizar de serviços como o Sebrare para aprender a gerir melhor. A ABRH está presente em 22 Estados e promove cursos, palestras, seminários, modernizando relações de trabalho, dando dicas para a gestão de pessoas. Cerca de 80% dos trabalhadores estão nas pequenas e médias empresas, que podem fazer gestão e investir mais neles. O GPTW já é acessível a pequenas empresas, para aplicar pesquisas e melhorar a satisfação. Se a empresa for atrás, poderá encontrar as informações que necessita.
O que representa esse interesse crescente das empresas em conhecer as demandas dos empregados?
As empresas vão tomando consciência de que é preciso gerar ambientes favoráveis, para que trabalhem mais felizes. Mas, se eu não tenho uma ferramenta adequada para mensurar isso, preciso do diagnóstico para ver onde focar e investir para tornar as pessoas mais saudáveis. Uma ferramenta como o GPTW permite fazer um diagnóstico adequado. Eu posso perder dinheiro investindo esforços em lugares errados. Com o GPTW, dificilmente vou errar esse foco.
As práticas de gestão que levam as empresas a serem reconhecidas dependem do tamanho? Que orientações dar às pequenas empresas?
O professor Ram Charan (especialista em gestão, ex-assessor da GM e GE) costuma dizer que uma pequena lojinha que começa a ser atendida por um único dono tem a mesma necessidade de gestão que uma grande corporação. O pequeno empresário precisa ter a visão de que o pessoal dele é que faz a diferença em seu negócio. Botar na cabeça que precisa cuidar da equipe, colocar-se no lugar deles e entender de que forma obter o melhor de cada um.