O ministro da Educação, Rossieli Soares da Silva, comentou nesta segunda-feira (3) os resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) e, mais uma vez, reforçou o cenário de "fundo do poço" destacado na semana passada, quando anunciou o desempenho dos estudantes em provas de português e matemática. O ministro ressaltou que o país está cada vez mais longe de cumprir as metas definidas para a etapa.
— A meta para 2017 era de 4,7, mas estamos com 3,8, quase um ponto de diferença. Ou seja, a chance de cumprirmos as metas estabelecidas é nula — afirmou o ministro durante entrevista coletiva em Brasília.
O Ideb foi criado em 2007 e estabeleceu metas para o país, para os Estados, as redes de ensino e as escolas com o objetivo de chegar em 2022, ano do bicentenário da Independência, com a divulgação de resultados mais animadores, nos padrões dos países desenvolvidos. Mas enquanto no Ensino Fundamental a situação é mais confortável, no Ensino Médio o país patina.
A situação é ainda mais alarmante no Rio Grande do Sul. Enquanto a média do país ficou em 3,8, em uma escala que vai de zero a 10, a nota das escolas públicas e privadas gaúchas foi de apenas 3,7. Para 2017, o índice proposto para o Estado era de 5,1.
Rossieli Soares da Silva voltou a defender a reforma do Ensino Médio como uma solução para os problemas da etapa:
— Neste formato, neste ritmo, não cumpriremos as metas. Atrevo a dizer que não cumpriremos em décadas. Essa discussão de um novo modelo, com a reforma, tem a ver com isso — disse o ministro.
A reforma do Ensino Médio foi aprovada no Congresso Nacional começo do ano passado, mas a sua implementação depende da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que segue em discussão no Conselho Nacional de Educação. Com a reforma, 60% do currículo das escolas será composto de conteúdos comuns, alinhados a BNCC, e o restante será flexível. Educadores têm criticado a proposta, pelas dificuldades de as redes de ensino – em sua maioria as estaduais – conseguirem implementar esse modelo flexível. No Rio Grande do Sul, 85% das matrículas na etapa estão nas escolas estaduais.
O ministro também respondeu a críticas sobre a escala de proficiência nas provas de português e matemática do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), divulgado na semana passada. Pela classificação do MEC, 70% dos alunos da rede estadual do Rio Grande do Sul foram enquadrados no nível insuficiente de aprendizagem nas duas disciplinas no Ensino Médio. Rossieli defendeu o modelo, considerado com nível de exigência muito elevado:
— Para nós, não é suficiente aprender a somar e a diminuir no quinto ano (do Ensino Fundamental). Precisa saber todas as operações. O que o MEC está dizendo é que o Brasil precisa ir mais longe.
O que é o Ideb
O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) é o principal indicador da qualidade da educação básica no Brasil. A cada dois anos, em uma escala que vai de 0 a 10, calcula o desempenho das escolas públicas e privadas do país no Ensino Fundamental e no Ensino Médio, a partir questões aplicadas aos alunos em provas de língua portuguesa e matemáticae da taxa de aprovação. A meta para o Brasil é alcançar a média 6 até 2021. As escolas da rede privada participam por adesão, e não é calculado o Ideb delas, apenas a média de toda a rede.
Os resultados do Ideb 2017 para escola, município, unidade da federação, região e país são calculados a partir do desempenho obtido pelos alunos que participaram do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) 2017 e das taxas de aprovação, calculadas com base nas informações prestadas ao Censo Escolar 2017. Somente têm suas notas divulgadas as escolas com pelo menos 10 alunos matriculados nas etapas avaliadas — 5º e 9º anos do Ensino Fundamental e 3º ano do Ensino Médio — e em que o número de alunos participantes do Saeb 2017 tenha alcançado 80% dos alunos matriculados.