Foi com um misto de alegria e alívio que a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) viu o ranking das melhores universidades da América Latina divulgado nesta quarta-feira (18) pela instituição britânica Times Higher Education (THE). Na lista, que leva em consideração fatores como ambiente de ensino, internacionalização, inovação, número de pesquisas, volume investido nos estudos e citações, a UFRGS consta entre as 10 primeiras colocadas.
Para o reitor da UFRGS, Rui Vicente Oppermann, apesar do alívio — já que a universidade, por uma falha no envio de dados, não apareceu em edições anteriores desse ranking —, a notícia não chega como uma surpresa. E a tendência, ele garante, é melhorar.
Confira, abaixo, a entrevista com o reitor da UFRGS:
Como a UFRGS recebe essa notícia?
Recebemos com alegria e alívio. Alívio porque, nas edições anteriores, por questão de diferenças de critérios daquilo que a universidade produz como índices e os índices do THE, nós acabamos ficando de fora das avaliações. Mas agora estamos dentro, e em um honroso 10º lugar na América Latina, sexto entre as brasileiras e terceiro entre as federais.
Esse ranking tem um característica interessante porque usa ensino, pesquisa, reputação, citações como as principais para a avaliação. E justamente aí é que está a força da UFRGS. O 10º lugar vem ao natural com aquilo que nós já fazemos na universidade.
A instituição responsável pelo ranking destacou que a UFRGS chegou a esse colocação "graças aos seus fortes ambientes de ensino e pesquisa e conexões na indústria". O que representa essa aproximação com a indústria?
Tínhamos quase uma insignificância no passado em relação a isso, do ponto de vista do peso. Mas, de 0 a 100, neste ano tivemos 83,8 pontos em receita vinda da indústria. Isso faz parte de toda uma movimentação que temos feito buscando a inovação, o empreendedorismo.
Temos agora uma aliança com a PUCRS e a Unisinos (a Aliança para Inovação de Porto Alegre, lançada em abril), dando uma forte mensagem para sociedade de que a UFRGS quer participar das interações entre academia e sociedade. Nós temos expertise para isso e podemos ser um agente transformador. O aumento de receita significa exatamente uma resposta a esse estímulo que estamos fazendo na interação com a sociedade.
O quanto a situação econômica brasileira ainda representa de impacto para a importância global da ciência nacional?
A produção científica no país depende de recursos basicamente públicos. Principalmente a pesquisa básica, tão fundamental para a reputação de uma universidade. Neste momento, ainda temos uma "gordura" para utilizar nessa questão, na medida em que grandes projetos de pesquisa têm duração de vários anos, e com isso conseguimos passar, ou estamos passando, pela recessão com níveis razoáveis de investimento.
Estamos festejando, por exemplo, que agora há sinais de que estão voltando os investimentos de empresas tão importantes como a Petrobras, a Eletrobras, a Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), que são as grandes financiadoras das pesquisas no país.
Temos mantido e até melhorado nossa posição apesar e a despeito das carências que estão presentes na economia brasileira exatamente por conta dos recursos que esses projetos trazem para a universidade.
Qual a expectativa para os próximos anos?
A tendência é melhorarmos essa posição. Tem um detalhe que eu gostaria de levantar: um dos pontos menos favoráveis para a UFRGS foi a internacionalização. Isso é muito preocupante. O nível de pesquisa e de interação que nós realizamos requer um nível maior de internacionalização, maior contato com centros de pesquisa internacionais.
No governo passado, nós tínhamos o Ciência sem Fronteiras, e a UFRGS foi uma das universidades que mais enviou jovens para o Exterior. Mas o Ciência sem Fronteiras acabou, e com isso se fecharam oportunidades de intercâmbio, tanto na graduação quanto na pós-graduação, se limitando àquelas que naturalmente já existiam. A festejar é que existe, por parte da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), um edital aberto para a internacionalização das pós-graduações no país. E imaginamos que a universidade vai ser contemplada, para que possamos voltar a ter recursos para investir na internacionalização e melhorar nesse aspecto.
As 10 melhores da América Latina
- Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) - São Paulo, Brasil
- Universidade de São Paulo (USP) - São Paulo, Brasil
- Pontificia Universidad Católica de Chile - Chile
- Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) - São Paulo, Brasil
- Instituto Tecnológico y de Estudios Superiores de Monterrey - México
- Universidade do Chile - Chile
- Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) - RJ, Brasil
- Universidad de los Andes - Colômbia
- Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) - Minas Gerais, Brasil
- Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) - RS, Brasil
As universidades gaúchas na lista
- 10) Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
- 33) Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS)
- 47) Universidade Federal de Pelotas (UFPel)
- 51-60) Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)
- 71-80) Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos)