Foi com surpresa que muitos candidatos reagiram às provas do Enem em 2017. Em primeiro lugar, porque essa é a estreia de uma nova divisão do exame, em dois domingos, com Ciências Humanas, Linguagens e Redação no início, e Matemática e Ciências da Natureza na semana seguinte. E, em segundo, porque os próprios cadernos de prova estavam organizados de maneira diferente.
César Grando, 18 anos e fazendo o Enem pela segunda vez, explica que a redação, ao contrário das outras edições do exame, quando aparecia assim que o caderno era aberto, agora estava no meio da prova, algo inesperado para ele e os demais colegas:
— Até perguntamos para o fiscal se estava certo. Mas era isso mesmo. Muita gente já se perdeu aí — afirma César, que esperava que a redação pedisse alguma reflexão sobre segurança pública.
Mas o tema cobrado dos estudantes foi "desafios para a formação educacional de surdos no Brasil". Para o também candidato Giovan Rosa, 23 anos, que fez a prova no campus da PUCRS em Porto Alegre, o tema, apesar de surpreendente, foi bom para fazer os estudantes pensarem sobre um problema prático da sociedade.
Esperava algo sobre política, mas é importante refletirmos sobre a educação de surdos.
Giovan Rosa, 23 anos
Candidato, sobre o tema da redação
— Foi difícil, mas bem incentivador. Esperava algo sobre política, mas é importante refletirmos sobre a educação de surdos — diz o aspirante a uma vaga no curso de Matemática.
Para Bianca Reis Maia, 22 anos, o restante da prova também foi exigente, porém mais pelo tamanho das questões e dos textos exigidos do que pela dificuldade das perguntas.
— O problema são as questões muito longas, especialmente na área de Humanas. Mas a prova estava boa — garante Bianca.
Já o candidato Nikolas Soares, 18 anos, achou que tanto o tema da redação quanto as perguntas da prova, que soma 90 questões a serem respondidas em até 5h30min, estavam complicadas.
— Eu saí antes, então não dá para avaliar muito bem, mas a prova estava difícil. Muito específica — lamenta ele.
Nikolas, ao contrário de diversos estudantes que saíram das provas afirmando ter gostado da divisão em dois domingos, preferia que as provas continuassem sendo feitas em um mesmo fim de semana.
— Quando for fazer para valer, preferiria que fosse de uma tocada só.
Já cursando Direito, a estudante Rafaelle Acosta, 21 anos, tenta agora ingressar em mais um curso pelo Enem. Ela garante que, apesar de o tema da redação ter sido bastante específico, os textos de apoio ajudaram a dar embasamento para os candidatos pensarem em soluções para a educação de surdos no país.
— Desde 2014 eu não fazia a prova, mas sei o quanto é importante trazer à tona esses temas sociais — reflete ela, que afirma ainda ter gostado da nova divisão das provas.