Após alguns meses de estudo sobre o poeta Mario Quintana, alunos do Colégio Batista, em Porto Alegre, saíram da sala de aula e resolveram compartilhar a poesia com toda a comunidade escolar. Incentivados pelo professor de Língua Portuguesa, Maurício Gomes, em conjunto com a professora de Educação Artística, Ana Paula Caneda, os estudantes do 8º ano do Ensino Fundamental II produziram versos inspirados na obra do autor gaúcho, criaram cores e, agora, imprimem seus sentimentos nos muros da instituição.
Cada um dos 22 alunos da turma escreveu seu próprio poema. Ao final, um dos textos foi escolhido para ser gravado na parede, junto a um texto do autor. Além do processo textual, os alunos criaram cores: a partir do preto, do branco e de cores primárias, novas misturas foram feitas.
— Achei o processo maravilhoso. Às vezes, a gente passa mais tempo na escola do que em casa, e deixar o lugar com a nossa cara é muito legal. É uma segunda casa mesmo — explica a aluna Helena, 14 anos, que criou a cor "covinhas", um verde-água que agora faz parte da parede da instituição.
Perto de Helena, Leandra, 14 anos, completou com tinta colorida os quadrinhos no muro.
— Cheguei no colégio nesse ano, mas o professor Maurício sempre faz uns trabalhos interativos e diferentes. É muito legal. Podemos deixar nossa marca e, daqui alguns anos, outros alunos vão ver nosso trabalho — conta ela.
Querido no círculo de alunos que finalizavam o processo, Maurício explica que, entre os autores estudados neste ano, Quintana foi um dos preferidos dos jovens.
— A gente queria fazer um trabalho que aparecesse pra escola, que não ficasse preso na sala de aula. A turma foi muito receptiva com os textos do autor. Teve um envolvimento muito grande. Todas as etapas foram definidas em grupo. Eles pediram até aulas extras de leitura, nas quais cada um fazia uma dramatização ao ler e, depois, debatíamos. Acho que um dos fatores dessa identificação foi porque ele (Quintana) trata de assuntos como infância e tempo — conta Maurício.
No alto de uma escada dobrável de madeira, firmada pelo professor, Michelle começou os primeiros rabiscos do poema Sempre que Chova, de Quintana. Escolhida pela turma por causa de sua caligrafia, a aluna do 2º ano do Ensino Médio já participou de outros projetos interativos na escola.
— Descobri que tenho facilidade com caligrafia em 2015. Aí, agora, o pessoal me chama para escrever nesses projetos. No ano passado, nós fizemos um sobre como podíamos transformar a cidade em um lugar melhor, e eu testei várias letras — diz ela, apontando para um quadro caprichado no colo de uma professora, com diferentes caligrafias e ações pensadas pelos alunos para melhorar Porto Alegre.
Ao longo da criação, os alunos também documentavam o processo. O material, com detalhes de toda a ação, será juntado em um álbum da turma.