Gravador, música e muitos livros. Essas são as ferramentas usadas pelo educador Francisco Paulo Rodrigues Mestre para despertar o interesse de alunos de uma escola pública de Guaporé pela leitura. Chico Mestre, como é conhecido, foi um dos vencedores de edição anterior do Prêmio RBS de Educação – Para Entender o Mundo, que, em 2017 chega à quinta edição. As inscrições para a premiação deste ano terminam em 23 de agosto.
Com o projeto Audiolivro do Bem, o professor de música da Escola Municipal Dr. Jairo Brum conseguiu mostrar que existem outras formas de incentivar o interesse das crianças pelas histórias, além das tradicionais visitas à biblioteca. Com o gravador, alunos do quinto ano do Ensino Fundamental recontaram em áudio as histórias dos livros. Um aplicativo instalado no computador foi usado para criar a trilha sonora. Os audiolivros feitos pelos estudantes – uma espécie de radionovela – foram apresentados às crianças das séries iniciais que ainda não sabiam ler.
– Decidi criar esse projeto porque tinha alunos no quinto ano que mal sabiam ler, que não conseguiam se expressar verbalmente. E a mudança foi incrível. Eles começaram recriando em áudio os livros que pegavam na biblioteca. Agora, já estão escrevendo suas próprias histórias – conta o professor, vencedor do Prêmio RBS de Educação em 2015.
Quando Chico Mestre começou a dar aulas na Jairo Brum, em 2014, o uso da tecnologia em classe ainda era um tabu. Depois da premiação, uma sala temática foi construída na escola, com instrumentos musicais, computadores e ferramentas de edição de som. O projeto, que antes se restringia às turmas do primeiro e do quinto ano, agora envolve todos os alunos.
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E o professor tem mais novidade: neste ano, ele criou um projeto de estímulo à escrita. Por meio de um grupo no WhatsApp, os alunos enviam poemas curtos, semelhantes a haikais.
– A ideia é que os estudantes compartilhem em forma de poesia de três linhas as vivências do dia a dia. E está funcionando muito bem, eles chegam a competir por quem consegue criar mais. Isso estimula o aprendizado – relata.
Experiência ampliada com novas ferramentas
Coordenador de projetos do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec), José Alves defende a utilização das ferramentas digitais dentro das escolas. Segundo ele, é possível desenvolver formas criativas de incentivo à leitura e à escrita por meio das tecnologias.
– O livro em papel segue importante, não estamos falando em substituí-lo, mas em agregar novas ferramentas que tornem a experiência de leitura mais interessante.
De acordo com o especialista em tecnologia e educação, quando o professor propõe aos alunos que contem em áudio as histórias dos livros, ele consegue unir diversos elementos importantes para a formação das crianças e dos adolescentes: leitura, oralidade, socialização, criatividade.
Incentivo para trabalhos inovadores
Criado em 2013 pelo Grupo RBS e pela Fundação Maurício Sirotsky Sobrinho, o Prêmio RBS de Educação reconhece trabalhos desenvolvidos para aproximar os alunos da leitura em escolas públicas e privadas do Rio Grande do Sul. Nas quatro primeiras edições, a premiação envolveu a participação de mais de 6 mil pessoas.
De acordo com o vice-presidente editorial do Grupo RBS, Marcelo Rech, o prêmio busca incentivar trabalhos como o do professor de Guaporé, que fazem a diferença na vida dos estudantes e que possam servir de exemplo para outros educadores.
– É importante reconhecermos as pessoas e as instituições que estão fazendo uma diferença positiva no cenário da educação. Valorizar as boas iniciativas e mostrar que é possível fazer diferença, com qualidade, atratividade, apaixonando os alunos como nós temos constatado desde a primeira edição do prêmio, é um grande benefício para a educação e para a sociedade do Rio Grande do Sul – afirma.
Neste ano, uma premiação especial será dedicada aos trabalhos que, por meio da leitura, tratem dos temas raça, gênero e inclusão. De acordo com Marcelo Rech, a proposta de estimular a diversidade e a equidade está alinhada com as metas para o Desenvolvimento Sustentável da ONU.
Formação por meio de atividade online
Para participar, o educador precisa elaborar um vídeo detalhando o projeto de mediação de leitura promovido pela instituição de ensino e cadastrar na plataforma de inscrição. As atividades podem ser desenvolvidas em quaisquer áreas do conhecimento.
As inscrições estão abertas até 23 de agosto pelo site premiorbsdeeducacao.com.br. Um júri técnico vai eleger três finalistas para as categorias de educador de escola pública e de escola privada. Os vencedores serão escolhidos por votação popular. Nas categorias especiais (raça, gênero e inclusão), os ganhadores serão eleitos por um júri especializado.
O prêmio também tem um eixo de formação, por meio do curso online gratuito Encontros de Leituras para Boas Conversas 2017, construído pelo Cenpec e certificado pela Secretaria de Educação do Rio Grande do Sul. Ele é destinado a qualquer pessoa que se interesse pelo tema e a profissionais que queiram aperfeiçoar suas práticas em sala de aula ou em demais instituições que promovam projetos na área de educação.
Cronograma
Inscrições até 23 de agosto, em premiorbsdeeducacao.com.br
Votação online: de 14 de setembro a 27 de outubro
Entrega das premiações: novembro
Categorias
– Educador de escola pública
– Educador de escola privada
– Premiação especial (raça, gênero e inclusão)
Premiação total: R$ 21,5 mil
– 1º lugar categoria Educador Escola Pública: R$ 4 mil
– 1º lugar categoria Educador Escola Privada: R$ 4 mil
– 1º lugar Destaque Gênero: R$ 2 mil
– 1º lugar Destaque Raça: R$ 2 mil
– 1º lugar Destaque Inclusão: R$ 2 mil
– Finalistas: R$ 500 (para cada um dos 15 finalistas)
Números das quatro últimas edições
6,6 mil projetos inscritos
1,4 milhão de votos no júri popular
19,7 mil pessoas realizaram o curso de mediação de leitura